São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2001

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TRABALHO

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, representantes dos trabalhadores são despreparados

Muitos sindicatos vão quebrar, diz Marinho

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), Luiz Marinho, os sindicatos do país não estão preparados para enfrentar a livre negociação com as empresas e discutir a flexibilização de direitos trabalhistas.
O sindicalista defende a organização no local de trabalho e o fim da unicidade sindical e da obrigatoriedade do imposto sindical para fortalecer as entidades que representam os trabalhadores.
"Esses temas não são consenso dentro da própria CUT. Uma ala atrasada da central evita essa discussão porque sabe que muitos sindicatos vão quebrar. Mas é necessário que esse debate seja feito", afirmou.
Só após essas mudanças é que Marinho defende a discussão do contrato nacional coletivo de trabalho e a reforma na CLT.
"Não adianta fazer reforma na CLT sem mexer na estrutura sindical do país. O governo fala que isso vai fortalecer os sindicatos. Mas a grande maioria das entidades sindicais do país não tem prática em negociar", afirmou. "Essa não é nossa realidade. Os sindicatos, com raras exceções, atuam da porta da fábrica para fora."
Marinho citou a importância da organização no local de trabalho no acordo negociado com a Volkswagen e aprovado na semana passada pelos trabalhadores da montadora. "Só faz um acordo como o da Volkswagen, que inicialmente queria a demissão de 3.000 trabalhadores, quando se conhece a realidade da empresa, quando há representatividade no local de trabalho."
O acordo negociado pelo sindicato com a direção da montadora na Alemanha reduziu os salários e a jornada, suspendeu as 3.000 demissões na unidade de São Bernardo do Campo em troca da concessão de licença remunerada para parte dos funcionários e da abertura de um programa de demissão voluntária para os 16 mil empregados da fábrica.

Na prática
A mudança na CLT, segundo Marinho, também é desnecessária porque a legislação já permite a negociação e a flexibilização de direitos em caso de crise nas empresas.
"O acordo da Volks é prova disso. O acordo que está sendo negociado na Scania também [a empresa propôs inicialmente a redução de salários ou a demissão de 400 operários. Após negociação com o sindicato e representantes dos trabalhadores, refez sua proposta para flexibilizar a jornada e abrir um programa de demissões voluntárias]."
Para Marinho, a legislação hoje também permite negociar direitos além dos garantidos na CLT. "Um exemplo é o abono de férias dos trabalhadores da Mercedes-Benz de São Bernardo. A lei estabelece que seja de um terço. Mas na Mercedes vale 50%."


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