São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2001

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CRÉDITO

Taxa média em outubro chega a 65,8%, mesmo nível de novembro de 99; "Existem coisas que fogem do controle", diz BC

Bancos cobram juros mais altos em 2 anos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados pelos bancos atingiram o nível mais elevado em dois anos, segundo o Banco Central. Em outubro, a taxa média cobrada pelas instituições financeiras passou de 62,9% para 65,8% ao ano -o que equivale a 4,3% ao mês. Nos empréstimos para pessoas físicas, os juros chegaram a 78,6% ao ano. Para empresas, a taxa ficou em 47,3% ao ano.
Além disso, houve também um aumento no "spread", que representa a diferença entre a taxa cobrada dos clientes e a taxa de captação dos bancos. No mês passado, o "spread" médio subiu de 44% para 46,9%.
Desde novembro de 1999 juros e "spread" não atingiam um patamar tão alto. Naquele mês, o BC começou a colocar em prática medidas que tinham por objetivo, justamente, a redução dos juros e do "spread". Dois anos depois, ambas as taxas continuam no mesmo nível visto há dois anos.
"Ninguém imaginava essa volta. Existem coisas que fogem do nosso controle", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Na época, a taxa média dos empréstimos bancários estava em 68,2% ao ano.
Segundo Lopes, a alta dos juros é consequência da alta do dólar, do racionamento e do desaquecimento da economia mundial.

Juro alto, lucro alto
Ao mesmo tempo em que os juros cobrados pelos bancos sobem, os lucros obtidos pelas instituições financeiras também registram uma forte alta, influenciados pela disparada do dólar.
Uma das principais medidas adotadas pelo BC em 1999 para reduzir juros e "spread" foi a diminuição nas alíquotas de recolhimento compulsório, que é o volume de dinheiro que os bancos são obrigados a recolher ao BC. O objetivo era permitir que as instituições financeiras tivessem mais recursos disponíveis para fazer empréstimos, o que favoreceria a queda dos juros.
No final de setembro deste ano, porém, após os atentados ocorridos nos EUA, o BC voltou a elevar a alíquota dos compulsórios. A idéia era retirar parte dos reais que estivessem em circulação no mercado, para que os bancos tivessem menos dinheiro disponível para aplicar em dólares. Com isso, o BC esperava frear a alta da moeda norte-americana.
O aumento do compulsório ajudou a pressionar os juros. A taxa média cobrada no cheque especial, por exemplo, passou de 159,9% para 160,3% ao ano. No crédito pessoal, os juros subiram de 86,2% para 89,2% ao ano.


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