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CRÉDITO
Taxa média em outubro chega a 65,8%, mesmo nível de novembro de 99; "Existem coisas que fogem do controle", diz BC
Bancos cobram juros mais altos em 2 anos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados pelos bancos
atingiram o nível mais elevado em
dois anos, segundo o Banco Central. Em outubro, a taxa média cobrada pelas instituições financeiras passou de 62,9% para 65,8%
ao ano -o que equivale a 4,3% ao
mês. Nos empréstimos para pessoas físicas, os juros chegaram a
78,6% ao ano. Para empresas, a
taxa ficou em 47,3% ao ano.
Além disso, houve também um
aumento no "spread", que representa a diferença entre a taxa cobrada dos clientes e a taxa de captação dos bancos. No mês passado, o "spread" médio subiu de
44% para 46,9%.
Desde novembro de 1999 juros e
"spread" não atingiam um patamar tão alto. Naquele mês, o BC
começou a colocar em prática
medidas que tinham por objetivo,
justamente, a redução dos juros e
do "spread". Dois anos depois,
ambas as taxas continuam no
mesmo nível visto há dois anos.
"Ninguém imaginava essa volta.
Existem coisas que fogem do nosso controle", afirmou o chefe do
Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes. Na época, a taxa
média dos empréstimos bancários estava em 68,2% ao ano.
Segundo Lopes, a alta dos juros
é consequência da alta do dólar,
do racionamento e do desaquecimento da economia mundial.
Juro alto, lucro alto
Ao mesmo tempo em que os juros cobrados pelos bancos sobem,
os lucros obtidos pelas instituições financeiras também registram uma forte alta, influenciados
pela disparada do dólar.
Uma das principais medidas
adotadas pelo BC em 1999 para
reduzir juros e "spread" foi a diminuição nas alíquotas de recolhimento compulsório, que é o
volume de dinheiro que os bancos
são obrigados a recolher ao BC. O
objetivo era permitir que as instituições financeiras tivessem mais
recursos disponíveis para fazer
empréstimos, o que favoreceria a
queda dos juros.
No final de setembro deste ano,
porém, após os atentados ocorridos nos EUA, o BC voltou a elevar
a alíquota dos compulsórios. A
idéia era retirar parte dos reais
que estivessem em circulação no
mercado, para que os bancos tivessem menos dinheiro disponível para aplicar em dólares. Com
isso, o BC esperava frear a alta da
moeda norte-americana.
O aumento do compulsório ajudou a pressionar os juros. A taxa
média cobrada no cheque especial, por exemplo, passou de
159,9% para 160,3% ao ano. No
crédito pessoal, os juros subiram
de 86,2% para 89,2% ao ano.
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