UOL


São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESPETÁCULO EM XEQUE

Ministro afirma que arrocho e juros visaram conter a crise e projeta otimismo para o futuro

Ajuste foi medida necessária, diz Palocci

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, reconheceu ontem que os ajustes nas contas públicas e a elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central no primeiro semestre foram responsáveis pelo baixo crescimento neste ano. Ponderou, no entanto, que a política adotada foi necessária, independentemente de avaliações sobre quão duras elas foram.
"Não se trata da dureza ou não das políticas adotadas, se trata da dimensão da crise que tivemos no ano passado", disse Palocci, após participar do Fórum Nacional da Indústria, que reúne as principais associações de indústrias do país.
Palocci tratou as medidas adotadas em 2003 como uma necessidade imposta pela herança deixada pelo governo FHC. "A elevação de juros [de mercado, não do BC] se deve ao desastre do ano passado, não às políticas adotadas."
Segundo Palocci, as medidas do governo Lula provocaram "perda do PIB [total de riquezas produzidas pelo país". Para o ministro, o país tinha apenas duas opções: fazer os ajustes necessários para possibilitar um ciclo de crescimento sustentado ou aceitar o crescimento com inflação. O governo, disse o ministro, fez uma clara opção pelo ajuste.
Anteontem, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou a taxa de crescimento do PIB no terceiro semestre -0,4% em relação ao segundo trimestre deste ano-, bem abaixo das expectativas.
Questionado sobre a possibilidade de o país acabar o ano sem crescimento, Palocci respondeu: "A diferença entre a vontade e a realidade foram as medidas que tivemos de adotar".
O tom de seu discurso, no geral, foi otimista. "É pessimista quem quer ser. Fizemos uma evolução da política monetária que, no curto espaço [de tempo], retomou o crescimento."
Palocci disse que há menos de um ano a inflação apontava para o descontrole e que agora converge para as metas estabelecidas pelo BC -de 5,5% no próximo ano.

Projeção não defasada
O chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda, disse ontem que a última projeção de crescimento divulgada pelo Planejamento para este ano (avanço de 0,8% do PIB) não está defasada.
O Ministério da Fazenda espera, por exemplo, apenas 0,4%. Segundo Miranda, o que há é uma diferença de base de comparação.
Segundo ele, há duas formas usadas pelo IBGE para apurar o PIB. A primeira é uma estimativa, chamada de cálculo preliminar do PIB, baseada na produção verificada na economia a cada trimestre. A segunda, já com os dados definitivos, é apurada no lado da renda gerada na economia.

Futuro
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que a função do governo "é olhar para a frente" e que, por isso, é mais importante observar os próximos resultados do PIB do que os números do terceiro trimestre.
"Prefiro olhar as notícias recentes que mostram os setores diversos da economia com maior vitalidade e crescimento", disse na abertura do 23º Enaex (Encontro Nacional de Comércio Exterior).


Colaborou a Sucursal do Rio


Texto Anterior: Força vê "caos'; CUT faz alerta
Próximo Texto: Opinião econômica: Devagar com o andor que o santo é de barro
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.