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ESPETÁCULO EM XEQUE
Ministro afirma que arrocho e juros visaram conter a crise e projeta otimismo para o futuro
Ajuste foi medida necessária, diz Palocci
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, reconheceu ontem
que os ajustes nas contas públicas
e a elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central no primeiro semestre foram responsáveis
pelo baixo crescimento neste ano.
Ponderou, no entanto, que a política adotada foi necessária, independentemente de avaliações sobre quão duras elas foram.
"Não se trata da dureza ou não
das políticas adotadas, se trata da
dimensão da crise que tivemos no
ano passado", disse Palocci, após
participar do Fórum Nacional da
Indústria, que reúne as principais
associações de indústrias do país.
Palocci tratou as medidas adotadas em 2003 como uma necessidade imposta pela herança deixada pelo governo FHC. "A elevação
de juros [de mercado, não do BC]
se deve ao desastre do ano passado, não às políticas adotadas."
Segundo Palocci, as medidas do
governo Lula provocaram "perda
do PIB [total de riquezas produzidas pelo país". Para o ministro, o
país tinha apenas duas opções: fazer os ajustes necessários para
possibilitar um ciclo de crescimento sustentado ou aceitar o
crescimento com inflação. O governo, disse o ministro, fez uma
clara opção pelo ajuste.
Anteontem, o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou a taxa de crescimento do PIB no terceiro semestre
-0,4% em relação ao segundo
trimestre deste ano-, bem abaixo das expectativas.
Questionado sobre a possibilidade de o país acabar o ano sem
crescimento, Palocci respondeu:
"A diferença entre a vontade e a
realidade foram as medidas que
tivemos de adotar".
O tom de seu discurso, no geral,
foi otimista. "É pessimista quem
quer ser. Fizemos uma evolução
da política monetária que, no curto espaço [de tempo], retomou o
crescimento."
Palocci disse que há menos de
um ano a inflação apontava para
o descontrole e que agora converge para as metas estabelecidas pelo BC -de 5,5% no próximo ano.
Projeção não defasada
O chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda, disse ontem que a última projeção de crescimento divulgada pelo Planejamento para este ano (avanço de
0,8% do PIB) não está defasada.
O Ministério da Fazenda espera,
por exemplo, apenas 0,4%. Segundo Miranda, o que há é uma
diferença de base de comparação.
Segundo ele, há duas formas
usadas pelo IBGE para apurar o
PIB. A primeira é uma estimativa,
chamada de cálculo preliminar do
PIB, baseada na produção verificada na economia a cada trimestre. A segunda, já com os dados
definitivos, é apurada no lado da
renda gerada na economia.
Futuro
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse
que a função do governo "é olhar
para a frente" e que, por isso, é
mais importante observar os próximos resultados do PIB do que
os números do terceiro trimestre.
"Prefiro olhar as notícias recentes que mostram os setores diversos da economia com maior vitalidade e crescimento", disse na
abertura do 23º Enaex (Encontro
Nacional de Comércio Exterior).
Colaborou a Sucursal do Rio
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