|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dívida recua para 49,5% do PIB, menor nível desde 2001
Aperto fiscal até outubro praticamente garante meta de superávit primário do ano
Gasto com juros também recua em proporção do PIB; para analista, dívida pública está estável, mas ainda
num patamar muito alto
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do recente aumento
nos gastos públicos, o aperto
fiscal feito entre janeiro e outubro já ultrapassou a meta fixada
para todo o ano de 2006 e ajudou a reduzir o endividamento
do governo para o nível mais
baixo em mais de cinco anos.
Segundo dados do Banco
Central, o setor público como
um todo (governo federal, Estados, municípios e estatais)
economizou R$ 90,992 bilhões
nos primeiros dez meses do
ano para o pagamento de juros.
No último bimestre do ano, o
governo federal sempre tem
déficit.
O governo tem como objetivo
obter um superávit primário
equivalente a 4,25% do PIB
(Produto Interno Bruto). O valor do PIB de 2006 só será conhecido em 2007, mas estima-se que a meta fiscal deste ano vá
ficar próxima de R$ 88 bilhões.
Só no mês passado, o superávit primário ficou em R$ 10,466
bilhões, o maior para um mês
de outubro. Ainda assim, a economia não foi suficiente para
pagar os R$ 13,258 bilhões de
juros que incidiram sobre a dívida pública no período.
Os R$ 2,792 bilhões restantes
-o chamado déficit nominal-
tiveram que ser refinanciados.
Com isso, o valor do endividamento, em reais, subiu para R$
1,043 trilhão. Como no mês
passado a dívida cresceu menos
que o PIB, a relação entre os
dois caiu de 49,9% para 49,5%,
o menor nível desde fevereiro
de 2001.
"O resultado primário positivo, combinado a uma carga de
juros menor, levou a uma redução da relação dívida/PIB", diz
o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Entre janeiro e outubro, os gastos públicos com juros somaram R$ 134,911 bilhões, ou
7,89% do PIB -no mesmo período de 2005, essa proporção
foi de 8,42%.
Nos últimos 12 meses, o superávit primário do setor público correspondeu a 4,34% do
PIB, num sinal de que a meta de
4,25% deve ser cumprida. "O
resultado confirma as hipóteses que a gente levanta e desmente aqueles que duvidavam
da nossa capacidade de gerir
responsavelmente as nossas
contas públicas", disse o ministro Guido Mantega (Fazenda).
O economista Francisco Lopreato, professor da Unicamp,
diz que o elevado nível de endividamento do governo ainda é
uma fonte de preocupação.
"Estamos hoje numa situação
estabilizada, mas não confortável. A dívida ainda é alta."
A relação entre dívida e PIB é
um dos indicadores da capacidade do governo em continuar
pagando seus compromissos.
Em tese, quanto menor o indicador, maior é a facilidade que
o setor público tem para arrecadar o dinheiro necessário para manter suas contas em dia.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Alta de gastos causa temor de freio na queda do juros Índice
|