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Gasto diário com juro chega a R$ 444 mi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Entre janeiro e outubro
deste ano, o setor público
(União, Estados, municípios
e estatais) destinou R$
134,911 bilhões ao pagamento de juros -o que equivale,
em média, a R$ 13,491 bilhões por mês, ou a R$ 444
milhões por dia.
Mesmo com a queda sofrida pela taxa Selic -principal
indexador da dívida pública-, as despesas com encargos financeiros devem encerrar o ano num nível semelhante ao de 2005. No ano
passado, os gastos com juros
chegaram a R$ 157,146 bilhões ou 8,1% do PIB.
Neste ano, a expectativa do
Banco Central é que a relação entre gastos com juros e
PIB fique em 7,8% -aproximadamente R$ 162 bilhões.
Isso se deve, em boa parte, à
estratégia utilizada pelo Tesouro Nacional na gestão da
dívida pública.
No ano passado, aproximadamente metade do endividamento do governo era
corrigida pela taxa Selic, fixada periodicamente pelo Banco Central. De setembro para
cá, a Selic caiu de 19,75% ao
ano para 13,75%, o que, em
tese, geraria uma folga para o
caixa do governo.
O problema é que, nos últimos meses, parte da dívida
corrigida pela Selic foi substituída por títulos públicos
prefixados. Nesses papéis, os
juros pagos pelo governo são
determinados no momento
de sua emissão. A vantagem,
nesses casos, é que o endividamento fica menos vulnerável a altas repentinas da
Selic. Por outro lado, uma
queda na taxa não traz vantagens para as contas públicas.
Para cobrir os elevados
gastos com juros, o governo
acaba recorrendo a apertos
fiscais cada vez mais fortes.
Logo no início do governo
Lula, a meta de superávit primário foi elevada de 3,75%
do PIB para 4,25% -o mesmo patamar de hoje.
O economista Francisco
Lopreato, professor da Unicamp, diz que, mesmo com a
queda ocorrida desde o final
de 2005, a Selic permanece
em níveis elevados, o que
prejudica o equilíbrio das
contas públicas e dificulta o
crescimento da economia.
Para Lopreato, uma melhora na situação fiscal do
Brasil passa, necessariamente, pela redução da taxa Selic,
que se mantém como uma
das mais altas do mundo.
Em relatório distribuído
ontem, o Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial) vai na
mesma direção: o documento diz que os gastos do governo com juros são "um número astronômico para os padrões internacionais".
De fato, levantamento feito pela agência de classificação de risco Standard &
Poor's aponta, com base em
dados do ano passado, que o
Brasil é um dos lugares do
mundo em que mais se gasta
com juros: numa lista de 107
países, só perde de Líbano,
Jamaica e Turquia nesse
quesito.
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