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LIÇÕES CONTEMPORÂNEAS
Conquista
ALOIZIO MERCADANTE
A crise política vem impedindo a análise isenta das
realizações do governo Lula. Sob
o manto do denuncismo, desaparecem fatos positivos de grande
relevância, frutos do trabalho árduo do governo e do país. Esse
descompasso entre a realização e
o seu devido reconhecimento é especialmente evidente no campo
da política externa. No plano
mundial, o claro salto qualitativo
do protagonismo internacional
do Brasil é saudado como fato
promissor na luta contra as assimetrias da globalização. Porém,
no plano interno, alguns teimam
em não reconhecer as realizações
dessa política, como o extraordinário crescimento das exportações e a conquista de novos mercados para produtores brasileiros.
Com efeito, em apenas três anos
o atual governo praticamente dobrou as exportações, as quais passaram de US$ 60 bilhões, em
2002, para US$ 118 bilhões, em
2005, gerando superávit comercial de US$ 103 bilhões em três
anos. Esse desempenho contribuiu para dinamizar cadeias produtivas, gerar empregos e reduzir
a vulnerabilidade externa da economia. Saliente-se que, nos oito
anos do governo passado, as exportações cresceram somente
38,6%, o que, somado ao grande
aumento das importações, resultou num déficit de US$ 8,6 bilhões. Um ponto positivo a ser
destacado refere-se às exportações de manufaturados, que aumentaram ligeiramente acima da
média, demonstrando que essa
performance comercial baseia-se
não apenas em commodities, mas
também em produtos de média e
alta tecnologia.
Alguns críticos argumentam
que o governo está aproveitando
conjuntura internacional favorável. É verdade. Contudo as exportações brasileiras vêm crescendo
num ritmo bem superior à média
global. Nesses três anos do governo Lula, estima-se que as exportações mundiais tenham crescido
cerca de 60%, ao passo que as exportações brasileiras aumentaram 96%. Já no biênio 2003-2004,
nossas exportações cresceram ao
redor de 60%, tendo ficado, conforme dados da OMC, acima da
média mundial (40%) e das exportações de México (17,7%),
EUA (18,1%), Argentina (34,1%),
Japão (35,8%), Mercosul (37,1%),
Comunidade Andina (40,2%),
UE (41,8%) e até mesmo da Índia
(53,5%). Em comparação, no biênio 1995-1996, auge do Plano
Real, as exportações brasileiras
cresceram somente 9,6%, mesmo
numa conjuntura internacional
na qual as exportações aumentaram 26%. Aproveitar cenários favoráveis não é, pois, algo fácil e
automático.
Outros críticos alegam que, embora nosso comércio venha crescendo nos mercados novos, temos
perdido terreno nos mercados de
parceiros tradicionais. Ora, o aumento das exportações brasileiras
para EUA, UE, Canadá e Japão
foi de mais de 60% nos últimos
três anos, cifra expressiva, qualquer que seja o parâmetro considerado.
Na realidade, o Brasil está desbravando mercados em todas as
frentes, sem, no entanto, ceder às
pressões para assinar acordos
que, com a promessa de ganhos
setoriais de curto prazo, comprometeriam, no longo prazo, nossas
autonomia e soberania. Não há
crise política que possa deslustrar
essa grande conquista do governo
e do país.
Aloizio Mercadante, 51, é economista e
professor licenciado da PUC e da Unicamp, senador por São Paulo e líder do
governo no Senado Federal.
Internet: www.mercadante.com.br
@ - mercadante@mercadante.com.br
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