São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 2006

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RETRATO DO BRASIL

Regiões da BA e do PA apontam maior queda na proporção de pobres, mostra estudo; pior índice está no Recife

Salvador e Belém têm melhores resultados

DA SUCURSAL DO RIO

Das grandes metrópoles do país, Salvador e Belém tiveram a maior redução da pobreza de 2003 para 2004. A proporção de pobres em Belém baixou de 45,4% para 40,3% da população. Em Salvador, foi de 56,6% para 51,7% -a região metropolitana se manteve, porém, com a segunda maior proporção de pobres.
Sonia Rocha, economista do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), diz que em Salvador a geração de postos de trabalho foi proporcionalmente maior do que nas grandes metrópoles (Rio e São Paulo), o que contribuiu para a queda mais acentuada da pobreza.
Ela relata ainda que o rendimento também evoluiu mais positivamente e o custo de vida dos mais pobres subiu menos do que em outras metrópoles.
Na região metropolitana de Salvador, é considerado pobre quem tem rendimento domiciliar per capita menor do que R$ 181,19, segundo o conceito de Rocha, que utiliza linhas diferenciadas de pobreza. Pelos dados do levantamento, Salvador tinha 1,63 milhão de pobres em 2004.
Curitiba e Recife também apresentaram redução significativa de um ano para o outro. Na primeira, a proporção de pobres caiu de 26,2% para 22,4%.
Na cidade nordestina, o percentual passou de 63,3% para 59,9%. Apesar do recuo, a capital pernambucana se mantém como a região com, proporcionalmente, o maior contingente de pobres do país -59,9% do total.
Já na Grande Rio e em Brasília e seu entorno a pobreza baixou em intensidade modesta. No Rio, passou de 34,5% para 33,6%. Dos moradores de Brasília, de 42,7% eram pobres em 2003. Em 2004, a cifra caiu para 42,4%.
No Rio, além do fato de os benefícios sociais terem menor impacto, porque o custo de vida é maior do que em outras áreas do país, o "desempenho adverso" do rendimento contribuiu para uma redução não tão expressiva da pobreza, disse Rocha. Havia, em 2004, 3,558 milhões de pobres no Rio.
Apesar dos resultados favoráveis de redução da pobreza e da indigência no Nordeste apresentados pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2004, a pobreza persiste na região, segundo o estudo.
A proporção de pobres caiu de 51,9% da população em 2003 para 48,5% no ano seguinte. Já os indigentes passaram de 18,7% para 14,9% (de 9,1 milhões de pessoas para 7,3 milhões em 2004).
Enquanto os resultados mostram que nas regiões metropolitanas a redução da miséria caminha a passos lentos, no campo, ainda que a pobreza persista, a prosperidade tem chegado mais rápido.
Dados da Pnad mostram que o percentual de pobres em relação ao total da população baixou de 44,3%, em 1992, para 38,7%, em 2004, nas metrópoles. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, o percentual era de 39,8%.

Campo e cidade
Nas áreas rurais (historicamente mais pobres), a pobreza caiu de 52,7%, em 1992, para 35,4%, em 2004. Em 2003, o percentual de pobres na área rural em relação ao total da população era de 39,5% -embora fosse levemente inferior ao verificado nas metrópoles, a diferença de 0,3 ponto percentual não permitia verificar mudança de tendência. A diferença, todavia, se aprofundou em 2004.
(PEDRO SOARES)


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