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RETRATO DO BRASIL
Regiões da BA e do PA apontam maior queda na proporção de pobres, mostra estudo; pior índice está no Recife
Salvador e Belém têm melhores resultados
DA SUCURSAL DO RIO
Das grandes metrópoles do
país, Salvador e Belém tiveram a
maior redução da pobreza de
2003 para 2004. A proporção de
pobres em Belém baixou de
45,4% para 40,3% da população.
Em Salvador, foi de 56,6% para
51,7% -a região metropolitana
se manteve, porém, com a segunda maior proporção de pobres.
Sonia Rocha, economista do
Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), diz que em
Salvador a geração de postos de
trabalho foi proporcionalmente
maior do que nas grandes metrópoles (Rio e São Paulo), o que
contribuiu para a queda mais
acentuada da pobreza.
Ela relata ainda que o rendimento também evoluiu mais positivamente e o custo de vida dos
mais pobres subiu menos do que
em outras metrópoles.
Na região metropolitana de Salvador, é considerado pobre quem
tem rendimento domiciliar per
capita menor do que R$ 181,19, segundo o conceito de Rocha, que
utiliza linhas diferenciadas de pobreza. Pelos dados do levantamento, Salvador tinha 1,63 milhão de pobres em 2004.
Curitiba e Recife também apresentaram redução significativa de
um ano para o outro. Na primeira, a proporção de pobres caiu de
26,2% para 22,4%.
Na cidade nordestina, o percentual passou de 63,3% para 59,9%.
Apesar do recuo, a capital pernambucana se mantém como a
região com, proporcionalmente,
o maior contingente de pobres do
país -59,9% do total.
Já na Grande Rio e em Brasília e
seu entorno a pobreza baixou em
intensidade modesta. No Rio,
passou de 34,5% para 33,6%. Dos
moradores de Brasília, de 42,7%
eram pobres em 2003. Em 2004, a
cifra caiu para 42,4%.
No Rio, além do fato de os benefícios sociais terem menor impacto, porque o custo de vida é maior
do que em outras áreas do país, o
"desempenho adverso" do rendimento contribuiu para uma redução não tão expressiva da pobreza, disse Rocha. Havia, em 2004,
3,558 milhões de pobres no Rio.
Apesar dos resultados favoráveis de redução da pobreza e da
indigência no Nordeste apresentados pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios)
de 2004, a pobreza persiste na região, segundo o estudo.
A proporção de pobres caiu de
51,9% da população em 2003 para
48,5% no ano seguinte. Já os indigentes passaram de 18,7% para
14,9% (de 9,1 milhões de pessoas
para 7,3 milhões em 2004).
Enquanto os resultados mostram que nas regiões metropolitanas a redução da miséria caminha
a passos lentos, no campo, ainda
que a pobreza persista, a prosperidade tem chegado mais rápido.
Dados da Pnad mostram que o
percentual de pobres em relação
ao total da população baixou de
44,3%, em 1992, para 38,7%, em
2004, nas metrópoles. Em 2003,
primeiro ano do governo Lula, o
percentual era de 39,8%.
Campo e cidade
Nas áreas rurais (historicamente mais pobres), a pobreza caiu de
52,7%, em 1992, para 35,4%, em
2004. Em 2003, o percentual de
pobres na área rural em relação ao
total da população era de 39,5%
-embora fosse levemente inferior ao verificado nas metrópoles,
a diferença de 0,3 ponto percentual não permitia verificar mudança de tendência. A diferença,
todavia, se aprofundou em 2004.
(PEDRO SOARES)
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