São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Petrobras e Ultra farão proposta para comprar Esso

Negócio deve oscilar entre R$ 1,2 bilhão a R$ 1,5 bilhão

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras estuda, em conjunto com o Grupo Ultra, uma proposta para a aquisição da rede de postos da norte-americana Exxon Mobil, que opera no país com a marca Esso. O valor do negócio deve oscilar entre R$ 1,2 bilhão a R$ 1,5 bilhão, segundo apurou a Folha.
Presente no país há 96 anos, a Esso é dona de uma participação de mercado de 8% no setor de combustíveis, que só fez cair nos últimos anos. Tem em sua rede 1.800 postos.
Diante da insatisfação com os resultados de seus negócios na América do Sul, a matriz colocou à venda suas operações em cinco países: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. À Petrobras, interessaria apenas os ativos no Brasil.
Se entrar em parceria, a Petrobras deverá analisar os municípios onde ficará com uma participação de mercado superior a 50% e repassar os postos nessas localidades ao Ultra. Com isso, a estatal evitaria o risco de ver o negócio barrado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Caso vingue, o consórcio com o Ultra repete parceria montada para a compra da rede de postos da Ipiranga.
Na época, a Petrobras ficou com os postos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste -25% das 4.400 unidades da Ipiranga- e o Ultra com a rede no Sul e Sudeste -75% do total. O negócio chegou a R$ 4 bilhões, incluindo os ativos da Ipiranga na área petroquímica, divididos entre Petrobras e Braskem.
Com a compra da Ipiranga, a Petrobras ficou com uma participação de mercado de 46%. Se levasse a Esso sozinha, chegaria a 54%. Por isso, teria optado pela associação.
Oficialmente, o Ultra informou que "tem interesse em crescer na área de distribuição de combustíveis no Brasil" por meio da aquisição de ativos, incluindo os da Esso, caso venham a ser "alienados" [vendidos]. Não confirmou, porém, a proposta conjunta.
A Folha apurou que, se a Petrobras desistir do negócio, o Ultra pretende apresentar sozinho uma proposta para a rede de postos da Esso.
Além da Petrobras e do Ultra, também estariam interessados a Shell e a distribuidora brasileira Alesat, segundo executivos do mercado ouvidos pela reportagem.
Procurada, a Petrobras informou oficialmente que desconhece a informação sobre uma eventual proposta à Esso.

Nova distribuidora
Paralelamente à negociação com a Esso, a Petrobras vai criar uma nova distribuidora para administrar os postos adquiridos da Ipiranga.
Segundo o presidente da BR, José Eduardo Dutra, a nova empresa será criada para gerir os ativos que eram da Ipiranga até que o Cade aprove a compra da empresa.
A nova distribuidora, diz, será 100% controlada pela Petrobras e terá uma estrutura "bastante enxuta". Sua criação foi necessária porque a cisão (separação) dos ativos da Ipiranga já foi concluída e a parte que coube à Petrobras não poderia ficar mais na empresa nem migrar para a BR enquanto o Cade não termina o julgamento.
Diante de tal cenário, diz, a única alternativa foi constituir a nova distribuidora, que não terá nenhuma vinculação legal com a BR. "É uma situação atípica, mas necessária e passageira", diz. Se o Cade aprovar o negócio, os ativos da Ipiranga migram para a BR, e a nova distribuidora deixa de existir.
De acordo com Dutra, o Cade deve analisar a concentração de mercado em cada município e determinar a venda de postos onde a participação superar 50%.


Texto Anterior: Crise faz banco brasileiro valer mais do que instituição dos EUA
Próximo Texto: Vaivém das commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.