São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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Soros sugere um gigantesco "Proer global"

DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Coerente com a sua afirmação de que o sistema financeiro global sofreu um colapso, George Soros propõe construir um novo sistema. Para tanto, defende uma espécie de "Proer global" de um montante inimaginável: para recapitalizar os bancos, seria necessário, só nos Estados Unidos, algo em torno de US$ 1,5 trilhão.
Equivale a dizer que todos os brasileiros teriam que doar tudo o que foi produzido no país no ano passado (cerca de US$ 1,4 trilhão) e mais um pouquinho para atingir e injetar a quantia necessária no paciente moribundo.
Para os mercados emergentes, Soros calcula que seria preciso algo em torno de US$ 1 trilhão, o que, como é óbvio, não está nem estará disponível a curto ou médio prazo, ao menos de parte do setor privado.
"Só os governos têm esse dinheiro", observou.
A proposta de Soros foge da que está em debate: o que se discute é criar um "banco bom", a ser capitalizado, e deixar os "ativos tóxicos" para um "banco ruim". Claro que o mico ficaria nas mãos do governo.
Soros acha que os ativos bons devem ser, sim, alocados para o novo banco, junto com a formidável injeção de capital por ele mencionada.

Joio e trigo
A Folha quis saber como era possível separar ativos tóxicos de ativos bons, se até agora ninguém conseguiu chegar ao fundo da caixa preta em que se transformaram as operações financeiras em todo o mundo.
"Dá para fazer", respondeu Soros, alegando que muitas instituições têm parâmetros que permitem calcular a contaminação.
O investidor chegou a dizer que ele próprio apostaria dinheiro no novo banco "bom", porque "o retorno seria razoável".
Mas Soros é o primeiro a admitir que, até agora, o público em geral não comprou a ideia dessa maciça intervenção governamental. Acha, no entanto, que o aprofundamento da crise fará com que governos e sociedades se rendam ao inevitável. (CR)


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