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Soros sugere um gigantesco "Proer global"
DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
Coerente com a sua afirmação de que o sistema financeiro global sofreu um
colapso, George Soros propõe construir um novo sistema. Para tanto, defende
uma espécie de "Proer global" de um montante inimaginável: para recapitalizar os bancos, seria necessário, só nos Estados
Unidos, algo em torno de
US$ 1,5 trilhão.
Equivale a dizer que todos os brasileiros teriam
que doar tudo o que foi
produzido no país no ano
passado (cerca de US$ 1,4
trilhão) e mais um pouquinho para atingir e injetar a
quantia necessária no paciente moribundo.
Para os mercados emergentes, Soros calcula que
seria preciso algo em torno de US$ 1 trilhão, o que,
como é óbvio, não está
nem estará disponível a
curto ou médio prazo, ao
menos de parte do setor
privado.
"Só os governos têm esse dinheiro", observou.
A proposta de Soros foge
da que está em debate: o
que se discute é criar um
"banco bom", a ser capitalizado, e deixar os "ativos
tóxicos" para um "banco
ruim". Claro que o mico ficaria nas mãos do governo.
Soros acha que os ativos
bons devem ser, sim, alocados para o novo banco,
junto com a formidável injeção de capital por ele
mencionada.
Joio e trigo
A Folha quis saber como era possível separar
ativos tóxicos de ativos
bons, se até agora ninguém conseguiu chegar ao
fundo da caixa preta em
que se transformaram as
operações financeiras em
todo o mundo.
"Dá para fazer", respondeu Soros, alegando que
muitas instituições têm
parâmetros que permitem
calcular a contaminação.
O investidor chegou a
dizer que ele próprio
apostaria dinheiro no novo banco "bom", porque
"o retorno seria razoável".
Mas Soros é o primeiro
a admitir que, até agora, o
público em geral não comprou a ideia dessa maciça
intervenção governamental. Acha, no entanto, que
o aprofundamento da crise fará com que governos e
sociedades se rendam ao
inevitável.
(CR)
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