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Premiê chinês rebate crítica do Tesouro dos EUA
DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
O primeiro-ministro chinês,
Wen Jiabao, criticou fortemente o novo secretário norte-americano do Tesouro, Timothy
Geithner, que, na semana passada, havia acusado a China de
manipular a sua moeda.
"É ridículo que alguém queira transferir responsabilidades
pela crise financeira para a China", disse Jiabao ontem, em encontro privado com representantes de dois conselhos criados pelo Fórum Econômico
Mundial, o Conselho Internacional de Mídia e o Conselho
Internacional de Negócios.
A acusação de Geithner pressupunha que os chineses mantinham sua moeda artificialmente desvalorizada para ganhar força exportadora.
Questionado pela repórter
Christianne Amanpour, estrela
da CNN, Jiabao começou com
uma resposta que talvez pretendesse ser irônica, preferindo chamar de "rumores" a acusação de Geithner. "São totalmente infundados os rumores
de alguns setores norte-americanos" [sobre a manipulação da
moeda chinesa], afirmou, para
em seguida contar que, desde
que a China modificou sua política cambial, em 2005, o yuan,
sua moeda, se valorizou 21%
em relação ao dólar.
Tudo o que os analistas e os
empresários reunidos em Davos não querem é uma situação
de conflito entre a China e os
Estados Unidos, as duas maiores fontes de crescimento da
economia global.
Em todo o caso, o conflito é
apenas verbal e indireto, tanto
que, no seu pronunciamento
público, pouco mais tarde, o
premiê chinês não repetiu a
crítica. Ao contrário, fez um
apelo à cooperação para construir "uma nova ordem econômica mundial" contra a crise.
Jiabao chegou, de público, a
defender a "cooperação" em
vez da "confrontação", apesar
da irritação com Geithner.
Se tivesse repetido de público a crítica feita privadamente
teria o respaldo, por exemplo,
do norte-americano Stephen
Roach, presidente para a Ásia
do conglomerado Morgan
Stanley, para quem permitir a
valorização da moeda seria
"suicídio econômico" em um
momento de desaceleração.
"É um conselho horrível [o
de Geithner]. Nunca vi uma
economia em recessão voluntariamente valorizar sua moeda", disse Roach.
Jiabao admitiu que a crise está tendo "grande impacto" em
seu país, mas preferiu não falar
em números de crescimento.
Em Davos, a expectativa é a
de que a China cresça ao menos
8% neste ano, sob pena de enfrentar desemprego. Em linha
com essa expectativa, Justin
Yifu Lin, vice-presidente do
Banco Mundial, disse ontem
ser possível que a China cresça
ao menos 7% em 2009.
(CR)
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