São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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Premiê chinês rebate crítica do Tesouro dos EUA

DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, criticou fortemente o novo secretário norte-americano do Tesouro, Timothy Geithner, que, na semana passada, havia acusado a China de manipular a sua moeda.
"É ridículo que alguém queira transferir responsabilidades pela crise financeira para a China", disse Jiabao ontem, em encontro privado com representantes de dois conselhos criados pelo Fórum Econômico Mundial, o Conselho Internacional de Mídia e o Conselho Internacional de Negócios.
A acusação de Geithner pressupunha que os chineses mantinham sua moeda artificialmente desvalorizada para ganhar força exportadora.
Questionado pela repórter Christianne Amanpour, estrela da CNN, Jiabao começou com uma resposta que talvez pretendesse ser irônica, preferindo chamar de "rumores" a acusação de Geithner. "São totalmente infundados os rumores de alguns setores norte-americanos" [sobre a manipulação da moeda chinesa], afirmou, para em seguida contar que, desde que a China modificou sua política cambial, em 2005, o yuan, sua moeda, se valorizou 21% em relação ao dólar.
Tudo o que os analistas e os empresários reunidos em Davos não querem é uma situação de conflito entre a China e os Estados Unidos, as duas maiores fontes de crescimento da economia global.
Em todo o caso, o conflito é apenas verbal e indireto, tanto que, no seu pronunciamento público, pouco mais tarde, o premiê chinês não repetiu a crítica. Ao contrário, fez um apelo à cooperação para construir "uma nova ordem econômica mundial" contra a crise.
Jiabao chegou, de público, a defender a "cooperação" em vez da "confrontação", apesar da irritação com Geithner.
Se tivesse repetido de público a crítica feita privadamente teria o respaldo, por exemplo, do norte-americano Stephen Roach, presidente para a Ásia do conglomerado Morgan Stanley, para quem permitir a valorização da moeda seria "suicídio econômico" em um momento de desaceleração.
"É um conselho horrível [o de Geithner]. Nunca vi uma economia em recessão voluntariamente valorizar sua moeda", disse Roach.
Jiabao admitiu que a crise está tendo "grande impacto" em seu país, mas preferiu não falar em números de crescimento.
Em Davos, a expectativa é a de que a China cresça ao menos 8% neste ano, sob pena de enfrentar desemprego. Em linha com essa expectativa, Justin Yifu Lin, vice-presidente do Banco Mundial, disse ontem ser possível que a China cresça ao menos 7% em 2009. (CR)


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