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Despesa do governo com juro sobe 30% no 1º bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A intensidade do ajuste fiscal
continua relativamente menor
neste início de ano, marcado pelas
eleições de outubro. Em fevereiro,
o setor público como um todo
(União, Estados, municípios e estatais) economizaram R$ 4,729
bilhões para pagar juros que incidiram sobre suas dívidas.
No primeiro bimestre, o superávit primário obtido foi de R$ 7,795
bilhões, o equivalente a 2,43% do
PIB do período, segundo estimativa feita pelo Banco Central. O
valor representa pouco mais da
metade dos R$ 15,419 bilhões (ou
5,28% do PIB) economizados entre janeiro e fevereiro de 2005.
Ao divulgar os números, o chefe
do Departamento Econômico do
BC, Altamir Lopes, disse que a
queda ocorrida neste início de
ano não significa que a meta fiscal
do governo para 2006 -fixada
em 4,25% do PIB- não será alcançada. "A expectativa é que se
cumpra a meta, mas com uma dinâmica um pouco diferente."
No ano passado, a política fiscal
foi motivo de disputa dentro do
governo, com a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) fazendo críticas ao agora ex-ministro Antonio Palocci. Dilma reclamava que,
apesar de haver uma meta de
4,25% do PIB para o superávit
primário, a demora na liberação
de verbas por parte da Fazenda
acabava fazendo com que o aperto, na prática, fosse maior.
De fato, em 2005 o superávit primário do setor público ficou em
R$ 93,505 bilhões, ou 4,84% do
PIB. Segundo Lopes, agora a situação é um pouco diferente, pois
o governo não deverá manter o
hábito de segurar gastos no início
do ano para liberá-los depois de
se certificar do cumprimento da
meta fiscal, perto de dezembro.
Isso porque a lei impõe restrições à realização de novos investimentos nos meses que antecedem
as eleições, o que acaba modificando a condução da política fiscal. "Vai chegar uma hora em que
não vai mais poder fazer investimentos, aí [o governo] adianta
um pouco [os gastos] agora."
O rigor no controle de gastos diminuiu tanto no governo federal
quanto nos Estados, mas, ainda
assim, o funcionário do BC diz
que os limites impostos pela Lei
de Responsabilidade Fiscal devem impedir que, mesmo em ano
de eleições, ocorra um descontrole nas despesas do setor público.
Apesar da queda do superávit
primário, os gastos do governo
com juros tiveram forte aumento.
Entre janeiro e fevereiro deste
ano, os gastos com os encargos da
dívida somaram R$ 31,276 bilhões, 30% a mais do que no primeiro bimestre de 2005.
Logo, se os gastos com juros aumentam e a economia feita pelo
governo diminui, o resultado é
um crescimento do déficit público. Ao se contabilizar todas as receitas e despesas (inclusive juros)
de União, Estados, municípios e
estatais, o resultado dos primeiros
dois meses de 2006 foi negativo
em R$ 23,481 bilhões. No mesmo
período de 2005, o déficit havia sido de R$ 8,570 bilhões.
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