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CRISE NO AR
Estatal ameaçava cobrar taxas até ontem, mas adiou para amanhã
Varig ganha prazo extra da Infraero
DA SUCURSAL DO RIO
A Varig ganhou prazo extra até
amanhã para encontrar uma solução para garantir o pagamento
diário das tarifas aeroportuárias
devidas à Infraero. A estatal havia
ameaçado cobrar a partir de hoje
o pagamento separadamente nos
aeroportos de onde partem os
vôos da companhia, antes do início dos trechos, sob pena de os
passageiros não embarcarem.
Uma decisão do conselho de administração da Infraero, presidido pelo ministro da Defesa e vice-presidente da República, José
Alencar, impediu que a companhia aérea deixasse de voar.
O conselho de administração
decidiu convocar o presidente da
Varig, Marcelo Bottini, para uma
reunião na estatal amanhã. O objetivo do encontro é discutir como será feito o pagamento do valor diário que a companhia tem
de direcionar à estatal.
Bottini afirmou que os advogados da companhia têm estado em
contato permanente com a Infraero. Segundo ele, a estatal se
comprometeu a não adotar nenhuma medida de cobrança antes
da reunião.
Liminar cassada
Na semana passada, a Justiça
derrubou uma liminar (decisão
judicial provisória) que suspendia, desde setembro do ano passado, o pagamento, pela Varig e pela
TAM, de tarifas aeroportuárias à
estatal.
A Varig precisa pagar um valor
diário de R$ 900 mil à Infraero.
Além disso, ela ainda deverá negociar o pagamento do montante
total de tarifas referente ao período de vigência da liminar, que é
de R$ 116 milhões.
A companhia aérea informou à
estatal, por meio de uma carta,
que não vai pagar as tarifas até
que o acórdão seja publicado no
"Diário Oficial" da União. Segundo a assessoria da empresa, a Varig está atuando de acordo com os
critérios legais.
Membros do setor chegaram a
questionar até mesmo a demora
para que o acórdão fosse publicado. A expectativa da estatal é de
que isso ocorra até o próximo dia
5 de abril.
O descontentamento na Infraero com a falta de pagamento da
Varig é grande. A Infraero teme
que o exemplo da Varig sirva de
referência para as demais companhias aéreas.
Representantes da estatal afirmam que a Varig tem feito esforços para quitar dívidas com empresas de leasing e outros credores, sem fazer esforço para pagar
pelo uso da infra-estrutura nos
aeroportos. A estatal quer que a
Varig retome ao menos o fluxo do
pagamento corrente.
Sem dinheiro
Fontes do setor aéreo afirmam
que a decisão da Justiça pegou a
Varig de surpresa e que a companhia não teria fluxo de caixa (leia-se falta de dinheiro) suficiente para honrar o compromisso.
A companhia aérea já havia sido
notificada duas vezes pela estatal
sobre a decisão da Justiça e sobre
a necessidade de retomar os pagamentos.
Depois de acertar com urgência
a renovação de contratos com
empresas de leasing, a Varig precisa acertar uma solução no curto
prazo com a Infraero para continuar voando.
Hoje, a companhia decide, em
assembléia, o nome do gestor do
FIP (Fundo de Investimento e
Participação) que controlará a
companhia. O nome definido
previamente entre os credores é o
do Mellon Serviços Financeiros.
O gestor escolhido deverá atuar
em consonância com a consultoria norte-americana Alvarez &
Marsal, contratada para conduzir
o processo de implementação do
plano de recuperação judicial da
companhia.
(JL)
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