São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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CRISE NO AR

Estatal ameaçava cobrar taxas até ontem, mas adiou para amanhã

Varig ganha prazo extra da Infraero

DA SUCURSAL DO RIO

A Varig ganhou prazo extra até amanhã para encontrar uma solução para garantir o pagamento diário das tarifas aeroportuárias devidas à Infraero. A estatal havia ameaçado cobrar a partir de hoje o pagamento separadamente nos aeroportos de onde partem os vôos da companhia, antes do início dos trechos, sob pena de os passageiros não embarcarem.
Uma decisão do conselho de administração da Infraero, presidido pelo ministro da Defesa e vice-presidente da República, José Alencar, impediu que a companhia aérea deixasse de voar.
O conselho de administração decidiu convocar o presidente da Varig, Marcelo Bottini, para uma reunião na estatal amanhã. O objetivo do encontro é discutir como será feito o pagamento do valor diário que a companhia tem de direcionar à estatal.
Bottini afirmou que os advogados da companhia têm estado em contato permanente com a Infraero. Segundo ele, a estatal se comprometeu a não adotar nenhuma medida de cobrança antes da reunião.

Liminar cassada
Na semana passada, a Justiça derrubou uma liminar (decisão judicial provisória) que suspendia, desde setembro do ano passado, o pagamento, pela Varig e pela TAM, de tarifas aeroportuárias à estatal.
A Varig precisa pagar um valor diário de R$ 900 mil à Infraero. Além disso, ela ainda deverá negociar o pagamento do montante total de tarifas referente ao período de vigência da liminar, que é de R$ 116 milhões.
A companhia aérea informou à estatal, por meio de uma carta, que não vai pagar as tarifas até que o acórdão seja publicado no "Diário Oficial" da União. Segundo a assessoria da empresa, a Varig está atuando de acordo com os critérios legais.
Membros do setor chegaram a questionar até mesmo a demora para que o acórdão fosse publicado. A expectativa da estatal é de que isso ocorra até o próximo dia 5 de abril.
O descontentamento na Infraero com a falta de pagamento da Varig é grande. A Infraero teme que o exemplo da Varig sirva de referência para as demais companhias aéreas.
Representantes da estatal afirmam que a Varig tem feito esforços para quitar dívidas com empresas de leasing e outros credores, sem fazer esforço para pagar pelo uso da infra-estrutura nos aeroportos. A estatal quer que a Varig retome ao menos o fluxo do pagamento corrente.

Sem dinheiro
Fontes do setor aéreo afirmam que a decisão da Justiça pegou a Varig de surpresa e que a companhia não teria fluxo de caixa (leia-se falta de dinheiro) suficiente para honrar o compromisso.
A companhia aérea já havia sido notificada duas vezes pela estatal sobre a decisão da Justiça e sobre a necessidade de retomar os pagamentos.
Depois de acertar com urgência a renovação de contratos com empresas de leasing, a Varig precisa acertar uma solução no curto prazo com a Infraero para continuar voando.
Hoje, a companhia decide, em assembléia, o nome do gestor do FIP (Fundo de Investimento e Participação) que controlará a companhia. O nome definido previamente entre os credores é o do Mellon Serviços Financeiros.
O gestor escolhido deverá atuar em consonância com a consultoria norte-americana Alvarez & Marsal, contratada para conduzir o processo de implementação do plano de recuperação judicial da companhia. (JL)


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