São Paulo, domingo, 29 de março de 2009

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Prêmio Nobel defende contrato social global

DE GENEBRA

Há anos o economista americano Joseph Stiglitz alerta de que uma globalização sem freios e regras será o aumento do fosso entre ricos e pobres. Em seus livros, o Nobel de Economia de 2001 defende um contrato social global, em que as nações desenvolvidas abririam seus mercados aos emergentes em favor de um regime de comércio com mais igualdade. Mas a crise financeira reforça o risco de que ocorra justamente o contrário, deflagrando uma onda de protecionismo a partir dos países desenvolvidos. Se isso ocorrer, diz Stiglitz, os maiores prejudicados serão os países em desenvolvimento. "A crise não começou nos países pobres, mas são eles que pagarão a parte mais pesada da conta", disse o economista à Folha, em recente passagem por Genebra. (MN)

 

FOLHA - O sr. concorda com o premiê Gordon Brown, sobre o risco de desglobalização?
JOSEPH STIGLITZ
- O risco é substancial. A globalização gerou benefícios para muitos países, mas também criou riscos enormes. Caso não haja as reformas necessárias, os benefícios da integração dos mercados desaparecerão, e só permanecerá o lado negativo da globalização, que é a dependência excessiva de fluxos externos de capital. Seria o pior dos mundos.

FOLHA - Qual a consequência?
STIGLITZ
- Se o Ocidente aumentar o protecionismo, isso criará grande instabilidade e poderá reverter os avanços dos últimos anos. As reações serão inevitáveis. Com o aumento da pobreza, muitos governos terão argumentos bastante convincentes para resistir à globalização.

FOLHA - Há protecionismo?
STIGLITZ
- Algumas das coisas que os Estados Unidos estão fazendo podem não provocar efeitos concretos, mas têm um enorme poder simbólico. Um bom exemplo disso é a cláusula "Buy American".

FOLHA - Quem vai se prejudicar?
STIGLITZ - Os países em desenvolvimento. Espero que os mais ricos tenham sensibilidade para evitar isso.


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