São Paulo, sábado, 29 de abril de 2006

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CRISE NO AR

Instituição garantiria capital de giro da empresa ao adiantar parcela do valor da venda da operação doméstica

BNDES pode antecipar verba de leilão à Varig

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

JANAÍNA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pode garantir o capital de giro da Varig temporariamente. A possibilidade é a instituição antecipar uma parcela do valor pelo qual a operação doméstica da empresa aérea, livre de dívidas, será vendida em leilão. Essa proposta, que tem o aval do governo, será votada pelos credores da empresa na próxima terça-feira.
Ela prevê que a operação doméstica da Varig seja "descolada" da Varig antiga, que ficaria com as rotas internacionais e os passivos. Essa "nova Varig", que seria constituída como uma SPE (Sociedade de Propósito Específico), seria leiloada em 60 dias a partir da aprovação dos credores.
O dinheiro do leilão e a antecipação do BNDES vão para garantir a operação e pagar dívidas dessa "velha Varig". Segundo Marcelo Gomes, da consultoria Alvarez & Marsal, que está gerenciando o processo de recuperação da Varig, o BNDES anteciparia parte do dinheiro que seria arrecadado no leilão da "nova Varig" ou para essa SPE, que seria criada dez dias depois da aprovação dos credores, ou para um investidor.
A antecipação -seriam US$ 100 milhões, segundo Gomes- seria devolvida ao banco quando ocorrer o leilão. "Se o leilão for de US$ 500 milhões, e o BNDES empresta US$ 100 milhões para a SPE ou para um novo investidor agora, está antecipando 20% do preço mínimo do leilão."
O banco não pode emprestar diretamente para a Varig por causa do passivo da companhia, mas pode realizar o chamado "empréstimo-ponte", ou seja, empresta para uma empresa livre de dívidas, que, por sua vez, injeta dinheiro na companhia.
A preferência é que a antecipação seja feita para um novo investidor, já que as dificuldades técnicas para que o financiamento do banco seja feito para uma empresa recém-criada, como a SPE, são maiores. "A grande vantagem dessa proposta é que governo apóia, os credores apóiam, para os trabalhadores é positiva, e, para os arrendadores, também."

Interesse
Segundo ele, o BNDES está procurando todas as companhias regulares de aviação para saber do interesse no leilão da "nova Varig". De acordo com Gomes, o BNDES financiaria até 50% do valor negociado em leilão. "Além disso, 40% do valor negociado em leilão pode ser adquirido com moeda da dívida concursal, ou seja, a dívida que existe no plano de recuperação judicial."
A garantia do BNDES seriam as ações da "nova Varig" e as milhagens do programa Smiles.
As empresas que podem se habilitar ao leilão são as aéreas regulares nacionais e internacionais e qualquer instituição com participação em companhias aéreas. A consultoria continua negociando prazos de pagamento com a Infraero e a BR Distribuidora.
Na assembléia de credores, que ocorre na próxima terça-feira, outras propostas a serem votadas serão a da Varig Log e a do consultor Jayme Toscano.
Os credores da Varig receberam o novo plano para o futuro da companhia com otimismo. Entre os trabalhadores, o sinal de que o governo está disposto a contribuir para a recuperação da empresa foi o ponto mais significativo. Para as empresas de leasing, a proposta de separar a Varig em duas companhias, mas manter as rotas internacionais, consideradas a parte mais atraente da empresa, com a Varig velha, foi a melhor alternativa.


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