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CRISE NO AR
Instituição garantiria capital de giro da empresa ao adiantar parcela do valor da venda da operação doméstica
BNDES pode antecipar verba de leilão à Varig
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
JANAÍNA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) pode garantir o capital de
giro da Varig temporariamente. A
possibilidade é a instituição antecipar uma parcela do valor pelo
qual a operação doméstica da empresa aérea, livre de dívidas, será
vendida em leilão. Essa proposta,
que tem o aval do governo, será
votada pelos credores da empresa
na próxima terça-feira.
Ela prevê que a operação doméstica da Varig seja "descolada"
da Varig antiga, que ficaria com as
rotas internacionais e os passivos.
Essa "nova Varig", que seria constituída como uma SPE (Sociedade
de Propósito Específico), seria leiloada em 60 dias a partir da aprovação dos credores.
O dinheiro do leilão e a antecipação do BNDES vão para garantir a operação e pagar dívidas dessa "velha Varig". Segundo Marcelo Gomes, da consultoria Alvarez
& Marsal, que está gerenciando o
processo de recuperação da Varig, o BNDES anteciparia parte do
dinheiro que seria arrecadado no
leilão da "nova Varig" ou para essa SPE, que seria criada dez dias
depois da aprovação dos credores, ou para um investidor.
A antecipação -seriam US$
100 milhões, segundo Gomes-
seria devolvida ao banco quando
ocorrer o leilão. "Se o leilão for de
US$ 500 milhões, e o BNDES empresta US$ 100 milhões para a SPE
ou para um novo investidor agora, está antecipando 20% do preço mínimo do leilão."
O banco não pode emprestar diretamente para a Varig por causa
do passivo da companhia, mas
pode realizar o chamado "empréstimo-ponte", ou seja, empresta para uma empresa livre de
dívidas, que, por sua vez, injeta dinheiro na companhia.
A preferência é que a antecipação seja feita para um novo investidor, já que as dificuldades técnicas para que o financiamento do
banco seja feito para uma empresa recém-criada, como a SPE, são
maiores. "A grande vantagem
dessa proposta é que governo
apóia, os credores apóiam, para
os trabalhadores é positiva, e, para os arrendadores, também."
Interesse
Segundo ele, o BNDES está procurando todas as companhias regulares de aviação para saber do
interesse no leilão da "nova Varig". De acordo com Gomes, o
BNDES financiaria até 50% do valor negociado em leilão. "Além
disso, 40% do valor negociado em
leilão pode ser adquirido com
moeda da dívida concursal, ou seja, a dívida que existe no plano de
recuperação judicial."
A garantia do BNDES seriam as
ações da "nova Varig" e as milhagens do programa Smiles.
As empresas que podem se habilitar ao leilão são as aéreas regulares nacionais e internacionais e
qualquer instituição com participação em companhias aéreas. A
consultoria continua negociando
prazos de pagamento com a Infraero e a BR Distribuidora.
Na assembléia de credores, que
ocorre na próxima terça-feira, outras propostas a serem votadas serão a da Varig Log e a do consultor Jayme Toscano.
Os credores da Varig receberam
o novo plano para o futuro da
companhia com otimismo. Entre
os trabalhadores, o sinal de que o
governo está disposto a contribuir para a recuperação da empresa foi o ponto mais significativo. Para as empresas de leasing, a
proposta de separar a Varig em
duas companhias, mas manter as
rotas internacionais, consideradas a parte mais atraente da empresa, com a Varig velha, foi a melhor alternativa.
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