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Analista argentino
aponta chance
de integração
DA SUCURSAL DO RIO
O economista e sociólogo argentino Aldo Ferrer, professor
da Universidade de Buenos Aires e ex-ministro da Economia
e do Trabalho da Argentina,
disse que o projeto do gasoduto Venezuela-Brasil-Argentina,
se for viável, será uma grande
oportunidade de integração
sul-americana.
"Quanto mais nos integramos na economia, mais integração política vamos ter. E,
quanto mais entendimento tivermos área política, mais integração vamos ter", disse Ferrer
em entrevista à Folha, depois
de proferir palestra no Iuperj
(Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).
O economista fez a ressalva
de que o projeto ainda está em
fase de estudos.
Para Ferrer, os países da região tem outro desafio à integração: a Bolívia. É preciso, diz,
"ajuda, compreensão e muita
tolerância" com o país, que tem
graves problemas sociais.
Com auxílio dos vizinhos, o
economista crê que "o governo
boliviano adote políticas que
defendam o interesse da Bolívia e do povo boliviano e que,
ao mesmo tempo, sejam realistas, permitindo investimentos,
comércio e integração".
Indagado sobre os problemas
que a EBX, de Eike Batista, e a
Petrobras enfrentam na Bolívia, Ferrer disse que falta "diálogo e entendimento" para
"colocar em marcha ações concentras" entre Bolívia e vizinhos nas áreas de gás, petróleo
e investimentos estrangeiros.
Sobre a disputa entre Argentina e Uruguai em relação à instalação de duas fábricas de papel, o economista afirmou que
o "tema é bilateral" e que não
cabe intervenção do Brasil. Tal
conflito, diz, só foi possível
porque a política industrial foi
esquecida no Mercosul.
Guinada à esquerda
Na avaliação de Ferrer, as
eleições de governos de esquerda na América do Sul -e a
provável eleição de outros tantos- refletem "o descontentamento" dos povos, que "buscam novos caminhos".
Para ele, "as novas orientações têm de dar resultados em
termos de desenvolvimento e
de bem estar". "Esse é o grande
desafio", disse.
A convergência à esquerda só
facilita a integração sul-americana "se as políticas que os governos desenvolverem forem
realistas". E será só com um
choque de realismo, segundo
ele, é que o Mercosul se desenvolverá. "Temos de construir o
Mercosul possível", disse.
(PS)
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