São Paulo, sábado, 29 de abril de 2006

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Analista argentino aponta chance de integração

DA SUCURSAL DO RIO

O economista e sociólogo argentino Aldo Ferrer, professor da Universidade de Buenos Aires e ex-ministro da Economia e do Trabalho da Argentina, disse que o projeto do gasoduto Venezuela-Brasil-Argentina, se for viável, será uma grande oportunidade de integração sul-americana.
"Quanto mais nos integramos na economia, mais integração política vamos ter. E, quanto mais entendimento tivermos área política, mais integração vamos ter", disse Ferrer em entrevista à Folha, depois de proferir palestra no Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).
O economista fez a ressalva de que o projeto ainda está em fase de estudos.
Para Ferrer, os países da região tem outro desafio à integração: a Bolívia. É preciso, diz, "ajuda, compreensão e muita tolerância" com o país, que tem graves problemas sociais.
Com auxílio dos vizinhos, o economista crê que "o governo boliviano adote políticas que defendam o interesse da Bolívia e do povo boliviano e que, ao mesmo tempo, sejam realistas, permitindo investimentos, comércio e integração".
Indagado sobre os problemas que a EBX, de Eike Batista, e a Petrobras enfrentam na Bolívia, Ferrer disse que falta "diálogo e entendimento" para "colocar em marcha ações concentras" entre Bolívia e vizinhos nas áreas de gás, petróleo e investimentos estrangeiros.
Sobre a disputa entre Argentina e Uruguai em relação à instalação de duas fábricas de papel, o economista afirmou que o "tema é bilateral" e que não cabe intervenção do Brasil. Tal conflito, diz, só foi possível porque a política industrial foi esquecida no Mercosul.

Guinada à esquerda
Na avaliação de Ferrer, as eleições de governos de esquerda na América do Sul -e a provável eleição de outros tantos- refletem "o descontentamento" dos povos, que "buscam novos caminhos".
Para ele, "as novas orientações têm de dar resultados em termos de desenvolvimento e de bem estar". "Esse é o grande desafio", disse.
A convergência à esquerda só facilita a integração sul-americana "se as políticas que os governos desenvolverem forem realistas". E será só com um choque de realismo, segundo ele, é que o Mercosul se desenvolverá. "Temos de construir o Mercosul possível", disse. (PS)


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