|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Avanço da cana concentra a produção nas grandes usinas
DA REDAÇÃO
O avanço da plantação de cana-de-açúcar em São Paulo
promove uma concentração da
produção nas mãos de usinas e
grandes fornecedores, eliminando pequenos produtores.
Pedro Ramos, professor e
pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), diz que só 25% da cana
moída pelas usinas é proveniente de fornecedores independentes. Os outros 75% são
matéria-prima das usinas.
Com a expansão da produção
de álcool, foram agregados novos produtores autônomos,
mas cresceram também as
áreas das usinas. Quem perdeu
espaço foram os pequenos.
Há dez anos, 27,6% dos fornecedores de cana às usinas
produziam até 4.000 toneladas. Na safra 2005/6, esse percentual recuou para 18%. Já os
fornecedores com volume superior a 10 mil toneladas subiram de 53,2% para 64,9%, mostra a Orplana (reúne os plantadores do centro-sul).
O alto custo das terras, provocado pela própria expansão
do plantio da cana, faz com que
as usinas e grandes fornecedores prefiram arrendar terras
em vez de comprá-las. Esse sistema poderá trazer grande concentração fundiária no futuro,
diz o professor da Unicamp.
O arrendamento é remunerador, mas não deixa de ser um
incentivo ao produtor para
abandonar a propriedade.
Quando o contrato não for mais
favorável, esse produtor pode
ter perdido a identidade com a
terra, o que vai facilitar a venda
da propriedade às usinas. Braz
Albertini, da Fetaesp, que agrega os trabalhadores, diz que, "se
a cana dá dinheiro, o pequeno
produtor deve plantá-la ou arrendar parte da terra para seu
plantio, mas não deve nunca
sair de lá para não perder essa
identidade com o campo".
(MZ)
Texto Anterior: "Expulso" por pecuária e soja no NE, trabalhador busca canaviais Próximo Texto: Vinicius Torres Freire: Investimento desaba nos EUA Índice
|