São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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Software e semicondutores não deveriam ter prioridade do governo, afirma estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos temas mais polêmicos do estudo "Por que o Brasil não Precisa de Política Industrial", elaborado por pesquisadores da FGV (Fundação Getulio Vargas), diz respeito à prioridade dada à tecnologia. Segundo os pesquisadores, os setores de software e semicondutores não deveriam ter sido priorizados porque, entre outras razões, são intensivos em trabalhadores qualificados, escassos no país.
"Ao priorizar essas áreas, a tendência é de aumentar ainda mais os salários desses empregados e alimentar a desigualdade social", diz Luiz Schymura, ex-presidente da Anatel, diretor do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV e um dos autores do estudo.
Os pesquisadores ressaltam que inovação deve ser priorizada a todo custo. Mas, como deve acontecer em toda e qualquer área, não há por que se eleger apenas algumas para receber benefício público.
"Na verdade, as áreas ligadas à tecnologia permeiam toda a indústria", diz David Kupfer, coordenador do grupo de indústria do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). "Se você quiser ter uma ação que beneficie todas as áreas, atue em tecnologia."
Outro argumento aventado pelo grupo da FGV é que, para melhorar a competitividade do país, a política industrial deveria priorizar áreas cujos ganhos de conhecimentos fossem repassados à indústria doméstica. Não seria o caso da globalizada indústria da tecnologia, cujo intercâmbio de informações acontece entre países.
A pesquisa aponta três estudos que indicam isso, principalmente com relação aos semicondutores.
"Acho importantíssimo capacitar trabalhadores para cortar cana, porém há outros setores nos quais precisamos treiná-los", diz Alessandro Teixeira, presidente do ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), ligada ao Ministério do Desenvolvimento. "Não teríamos a Embrapa, se não tivesse havido uma política industrial que priorizou a pesquisa agrícola há 25 anos."
Para a pesquisa, são exatamente essas áreas, nas quais já se investiu muito dinheiro e é sabido que o Brasil tem diferencial competitivo, que deveriam ser priorizadas na política industrial. Seria otimizar o dinheiro gasto no passado.


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