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Venezuela atrasa pagamento a brasileiras
Segundo o ministro Miguel Jorge, governo de Hugo Chávez está devendo US$ 15 mi a empresas nacionais devido a "questões burocráticas"
Venezuelano assinou com Lula, no DF, 21 acordos e memorandos, número visto como exagerado pelos negociadores brasileiros
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
SIMONE IGLESIAS
FÁBIO AMATO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, disse ontem, depois da assinatura de
atos entre os dois países, que a
Venezuela está devendo US$ 15
milhões a empresas brasileiras,
mas isso pode ser considerado
"normal" diante de um comércio bilateral de cerca de US$ 5
bilhões -US$ 4,5 bilhões de exportações brasileiras e o restante no sentido inverso.
Segundo Jorge, esse atraso se
deve "a questões burocráticas,
a papelada" e não está vinculado diretamente ao Cadiv, sistema de câmbio usado pelos venezuelanos para pagamentos
no exterior, como já ocorrera
anteriormente.
No ano passado, Jorge soube
pelos jornais dos atrasos do Cadiv, consultou as empresas brasileiras e levou a queixa diretamente ao presidente Hugo
Chávez e ao então ministro da
área, depois substituído. "Desde então, não temos tido mais
problemas", relatou ontem o
brasileiro.
Brasil e Venezuela assinaram
ontem 21 acordos e memorandos de entendimento nas áreas
mais diversas, desde a compra
de azeite refinado e de embutidos, como presunto e salame,
passando por criação de centros binacionais de assistência
para mulheres nas fronteiras
dos dois países, até compra de
nafta e construção de casas por
empresas brasileiras no país
comandado por Hugo Chávez.
Conforme a Folha apurou,
até a equipe brasileira de negociadores achou um exagero,
muito mais para mostrar que
as relações entre os dois países
estão avançando do que para
valer. O acordo do azeite, por
exemplo, foi classificado de
"piada", pois não precisaria de
instrumento tão formal.
A Braskem e a PDVSA (estatal venezuelana do setor de petróleo) assinaram ata de compromisso sobre fornecimento
de nafta pela Petroquímica da
Venezuela. Houve a assinatura
também de um memorando de
entendimento em matéria de
energia elétrica, mas nem Itamaraty nem Ministério de Minas e Energia deram detalhes
do que trata o documento.
A Venezuela, um dos maiores produtores de petróleo do
mundo, vem enfrentando justamente uma crise energética,
e a população sofre os efeitos
do racionamento desde o ano
passado.
No começo deste mês, Hugo
Chávez decretou extensão por
mais 60 dias da emergência nacional devido ao problema. Até
junho, o país estará sob regime
de racionamento com imposição de multa a empresas e cidadãos que não cumprirem a meta de redução de consumo.
Um dos atos assinados ontem entre ministros e presidentes de empresas brasileiras
e seus correlatos venezuelanos
foi em relação à refinaria binacional Abreu e Lima, em Pernambuco. A obra, porém, depende ainda de financiamento
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), que avalia as garantias
oferecidas.
Apesar da solenidade e das
reuniões, os atos não ficaram
prontos para distribuição à imprensa até o fechamento desta
edição. Serão anunciados hoje.
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