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Empresas de emergentes triplicam captação
Alta no financiamento estrangeiro foi registrada entre 2003 e 2006, segundo o Banco Mundial; volume atingiu recorde no ano passado
Brasil foi um dos países que atraíram o maior volume de recursos, US$ 165,1 bilhões de 1998 a 2006, só perdendo para a Rússia e a China
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A quantidade de dinheiro
que empresas de países em desenvolvimento conseguiram
levantar no exterior por meio
de empréstimos e emissão de
bônus triplicou entre 2003 e
2006, quando atingiu o recorde
de US$ 400 bilhões.
Relatório do Banco Mundial
divulgado ontem aponta o acesso sem precedentes dessas corporações ao financiamento estrangeiro como a principal
marca do fluxo internacional
de capitais para o mundo emergente no ano passado.
Empresas brasileiras estiveram entre as que mais se beneficiaram desse movimento.
No período de 1998 a 2006,
companhias nacionais obtiveram US$ 165,1 bilhões no mercado internacional por meio do
lançamento de ações, emissão
de bônus e contratação de empréstimos bancários. A cifra só
é inferior à registrada por Rússia (US$ 175,8 bilhões) e China
(US$ 166,5 bilhões).
O crescimento da fatia abocanhada pelo setor corporativo
foi acompanhado do encolhimento da demanda por financiamento do setor público, que
era responsável pela maior parte dos bônus emitidos no exterior até o início desta década.
"A crescente visibilidade dessas companhias, tanto públicas
quanto privadas, em finanças e
investimentos globais é a característica definidora do atual
ciclo de fluxo de capitais para
países em desenvolvimento",
diz o estudo "Global Development Finance 2007: The Globalization of Corporate Finance in Developing Countries"
(Financiamento do Desenvolvimento Mundial 2007: A Globalização do Financiamento
Corporativo nos Países em Desenvolvimento).
No total, o volume de recursos privados destinado a países
em desenvolvimento na forma
de investimento direto, empréstimos, aplicação em ações
e compra de bônus atingiu US$
647 bilhões em 2006, alta de
17% em relação a 2005.
Apesar de ser recorde, a cifra
representa uma desaceleração
em relação ao ano anterior,
quando o fluxo de capitais para
os emergentes havia crescido
34%, para US$ 551,4 bilhões.
O Banco Mundial afirma que
houve uma profunda mudança
no perfil do endividamento externo desses países, que na
maior parte do pós-guerra foi
dominado por empréstimos
contraídos pelos governos.
O cenário começou a se alterar a partir de 2002, com a expansão das operações realizadas pelo setor corporativo. No
ano passado, as companhias
dos países em desenvolvimento emitiram US$ 88 bilhões em
bônus no exterior, o dobro dos
US$ 43 bilhões lançados pelos
governos dos mesmos países.
"Desde 2002, 422 companhias
de países em desenvolvimento
emitiram bônus no mercado
internacional, 348 das quais
pela primeira vez", observa o
relatório do Banco Mundial.
Até 2004, os títulos emitidos
pelos governos superavam os
do setor corporativo. Em 2005,
a situação se inverteu, mas por
pequena margem. Só no ano
passado as empresas superaram os governos por uma grande diferença.
"Essas mudanças elevam as
perspectivas de crescimento
sustentável nos países em desenvolvimento e permitem que
empresas menores tenham
mais acesso ao mercado de capitais doméstico, em razão da
menor concorrência das grandes companhias, que buscam
financiamento no exterior", diz
Mansoon Dailami, gerente de
finanças internacionais do departamento do Banco Mundial
que trata de perspectivas do
desenvolvimento.
Com reservas internacionais
em alta e boas condições macroeconômicas, países em desenvolvimento quitaram antecipadamente suas dívidas com
organismos multilaterais. Em
conseqüência, o fluxo de capital de fontes oficiais ficou negativo em US$ 75,8 bilhões em
2006, já que houve mais saída
do que entrada de recursos. O
Brasil, por exemplo, pagou US$
2 bilhões ao Clube de Paris.
O Banco Mundial prevê que
a média de crescimento dos
emergentes vai cair de 7,3% em
2006 para cerca de 6% em
2009, quando todas as regiões
deverão registrar desaceleração, apesar de continuar a ter
altas taxas de expansão.
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