São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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Lula pede às empresas aéreas rotas para a África

Companhias poderiam ter subsídio ou redução de tarifa

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em reunião ontem em São Paulo, o presidente Lula pediu às companhias aéreas que criem linhas para a África e que ampliem seus vôos para a América do Sul -neste caso, principalmente a partir da Amazônia e do Centro-Oeste. O argumento foi o aumento do comércio com esses países, e discutiu-se a possibilidade de subsídios, redução de tarifas e isenção de impostos como estímulo.
Após o encontro, o presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, disse que o fluxo comercial entre o Brasil e países africanos, que é de US$ 15 bilhões ao ano, justificaria linhas para o continente, para o qual nenhuma empresa brasileira voa.
Entre as companhias aéreas, segundo a Folha apurou, a avaliação é que essas linhas não são rentáveis e que sua implementação seria muito difícil.
Em coletiva de imprensa concedida após a reunião, o presidente da agência afirmou que as companhias apresentarão, entre os dias 6 e 7 do mês que vem, sugestões de como viabilizar esses vôos.
Segundo ele, no caso da África, os destinos mais interessantes seriam Nigéria e Angola. No caso da América do Sul, Quito (hoje não há vôos de empresas brasileiras para o Equador), além dos países andinos.
"Falou-se de subsídios, de tarifas aeroportuárias diferenciadas, impostos, mas nada conclusivo", disse o presidente da agência. Segundo ele, uma possibilidade é estimular "hubs" (centros de distribuição de vôos) na Amazônia e no Centro-Oeste para que passageiros do Nordeste que vão a países da América do Sul, por exemplo, não tenham que passar por São Paulo.
Na reunião, as companhias citaram negociações de acordos de compartilhamento de vôos para voar para a África: a TAM com a africana South African e a BRA com a Royal Air Maroc. A OceanAir possui autorização para voar para Nigéria e Angola, mas ainda não iniciou esses vôos.
"É óbvio que o negócio, em um primeiro momento, não é rentável. O mercado tem que ser criado, temos que sair desse ciclo vicioso do ovo e da galinha", afirmou José Efromovich, vice-presidente do conselho de administração da OceanAir e irmão do dono da aérea, German Efromovich.
"Toda nova rota tem que ser incluída com muito cuidado para que não seja um prejuízo para as companhias", disse Humberto Folegatti, da BRA.
Zuanazzi afirmou que o governo brasileiro quer, com o apoio do Uruguai e do Chile, o fim dos acordos bilaterais para vôos na América do Sul, o que ampliaria as frequências de vôo permitidas entre esses países. Os acordos atuais limitam a quantidade de freqüências.
"A tendência de céus abertos [maior liberdade para companhias atuarem em países que não os seus] é mundial, mas não defendemos a cabotagem [estrangeiras operarem trechos internos no país]", disse.
Participaram da reunião com Lula representantes da TAM, Gol, BRA, OceanAir, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, o da Defesa, Waldir Pires, e o chanceler Celso Amorim.


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