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Lula pede às empresas
aéreas rotas para a África
Companhias poderiam ter subsídio ou redução de tarifa
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em reunião ontem em São
Paulo, o presidente Lula pediu
às companhias aéreas que
criem linhas para a África e que
ampliem seus vôos para a América do Sul -neste caso, principalmente a partir da Amazônia
e do Centro-Oeste. O argumento foi o aumento do comércio
com esses países, e discutiu-se
a possibilidade de subsídios, redução de tarifas e isenção de
impostos como estímulo.
Após o encontro, o presidente da Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, disse que o fluxo comercial entre o Brasil e países africanos, que é de US$ 15 bilhões
ao ano, justificaria linhas para o
continente, para o qual nenhuma empresa brasileira voa.
Entre as companhias aéreas,
segundo a Folha apurou, a avaliação é que essas linhas não
são rentáveis e que sua implementação seria muito difícil.
Em coletiva de imprensa
concedida após a reunião, o
presidente da agência afirmou
que as companhias apresentarão, entre os dias 6 e 7 do mês
que vem, sugestões de como
viabilizar esses vôos.
Segundo ele, no caso da África, os destinos mais interessantes seriam Nigéria e Angola. No
caso da América do Sul, Quito
(hoje não há vôos de empresas
brasileiras para o Equador),
além dos países andinos.
"Falou-se de subsídios, de tarifas aeroportuárias diferenciadas, impostos, mas nada
conclusivo", disse o presidente
da agência. Segundo ele, uma
possibilidade é estimular
"hubs" (centros de distribuição
de vôos) na Amazônia e no
Centro-Oeste para que passageiros do Nordeste que vão a
países da América do Sul, por
exemplo, não tenham que passar por São Paulo.
Na reunião, as companhias
citaram negociações de acordos de compartilhamento de
vôos para voar para a África: a
TAM com a africana South
African e a BRA com a Royal
Air Maroc. A OceanAir possui
autorização para voar para Nigéria e Angola, mas ainda não
iniciou esses vôos.
"É óbvio que o negócio, em
um primeiro momento, não é
rentável. O mercado tem que
ser criado, temos que sair desse
ciclo vicioso do ovo e da galinha", afirmou José Efromovich, vice-presidente do conselho de administração da OceanAir e irmão do dono da aérea,
German Efromovich.
"Toda nova rota tem que ser
incluída com muito cuidado
para que não seja um prejuízo
para as companhias", disse
Humberto Folegatti, da BRA.
Zuanazzi afirmou que o governo brasileiro quer, com o
apoio do Uruguai e do Chile, o
fim dos acordos bilaterais para
vôos na América do Sul, o que
ampliaria as frequências de vôo
permitidas entre esses países.
Os acordos atuais limitam a
quantidade de freqüências.
"A tendência de céus abertos
[maior liberdade para companhias atuarem em países que
não os seus] é mundial, mas
não defendemos a cabotagem
[estrangeiras operarem trechos internos no país]", disse.
Participaram da reunião com
Lula representantes da TAM,
Gol, BRA, OceanAir, a ministra
do Turismo, Marta Suplicy, o
da Defesa, Waldir Pires, e o
chanceler Celso Amorim.
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