São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Proposta melhor da TAM pela Varig foi descartada, diz Audi

Sócio da VarigLog diz que teve de aceitar a oferta da Gol para evitar suspensão de vôos

Segundo ele, fundo não quis capitalizar Varig a fim de que empresa sobrevivesse por mais dias à espera de avanço de conversas com a TAM

ALAN GRIPP
EM SÃO PAULO

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A quatro dias de seu depoimento no Senado, o empresário Marco Antonio Audi, sócio afastado da VarigLog, levanta novas suspeitas sobre a venda da Varig para a Gol, em março de 2007. Segundo ele, contra a vontade dos sócios brasileiros, a VarigLog se desfez da Varig em um negócio fechado às pressas e descartou uma proposta, da TAM, de quase o dobro do valor pago.
Em entrevista à Folha, Audi sustenta que ele, Eduardo Gal- lo e Marcos Haftel foram "obrigados" a aceitar a proposta menor para evitar a suspensão forçada das operações da companhia aérea, diante da inércia do sócio estrangeiro da Varig- Log, o fundo de investimento americano Matlin Patterson. "Estavam em jogo 9.000 empregos", afirma.
Segundo o empresário, o fundo, representado pelo chinês Lap Chan, recusou-se a capitalizar a empresa em R$ 10 milhões, valor necessário para a Varig, em dificuldade financeira, manter suas operações por mais alguns dias e esperar o avanço das conversas com a TAM. Esta, afirma ele, tinha pedido mais uma semana.
Audi diz que a TAM estava disposta a pagar US$ 738 milhões pela Varig -US$ 418 milhões a mais do que o desembolsado pela Gol. A TAM nega ter feito proposta formal, assim como o fundo.
Audi afirma que o escritório do advogado Roberto Teixeira (compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva), que defendia a VarigLog, era, a princípio, contra o negócio. Mas que mudou de opinião subitamente, ficando responsável pelo "data room" (espaço de divulgação de informações a interessados no negócio).
"Foi uma virada súbita, total. Primeiro ele [Teixeira] era contra e de repente está abrindo as portas para o comprador da VRG [a parte ativa da Varig]. Ninguém muda de opinião dessa maneira se não tiver grande interesse", disse o sócio afastado da VarigLog, sem apresentar, contudo, provas de que Teixeira tenha obtido vantagem. O advogado diz que a sua atuação na venda da VarigLog foi profissional e que os pagamentos recebidos por serviços prestados estão registrados.
O empresário disse que a Gol não aceitou adiar o negócio, deixando-o sem escolha. "Constantino Júnior [dono da Gol] nos disse: "Ou saio daqui dono da Varig ou vocês nunca mais vão me ver"." "Aí a gente vendeu para a primeira que pagasse. Se não pagasse, as duas empresas iriam quebrar naquele momento."
O Matlin Patterson afirmou que a TAM nunca concretizou proposta formal pela Varig. "A Gol foi a interessada que apresentou a melhor proposta", disse o fundo, por meio de sua assessoria de imprensa. A TAM afirma que desistiu de comprar a Varig porque considerou que o negócio era arriscado.


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