São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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TRABALHO

Estudo vê maus-tratos em fábricas da China

DA REDAÇÃO

Mulheres que pretendem trabalhar nas fábricas da Nike na China são obrigadas a fazer exames de gravidez. No caso de positivo, não são contratadas. Essa é uma das irregularidades encontradas em uma inspeção feita em 39 fábricas da empresa no país asiático.
Entre as irregularidades, estão ofensas verbais, horas extras excessivas, deduções ilegais, ausência de extintores de incêndio, banheiros sujos e iluminação inadequada para o trabalho.
Mas as irregularidades são similares às de outras fábricas que concordaram em ser examinadas pela Fair Labor Association (Associação para o Trabalho Justo), que inspecionou 39 fábricas da Nike no ano passado. As outras fábricas são de empresas como a Reebok e Adidas.
Caitlin Morris, diretor de assuntos internacionais da Nike, disse que a empresa leva a sério todas as acusações e que oferece treinamento para sua força de trabalho no exterior.
Os investigadores chegaram de surpresa à fábrica da Nike, que emprega 1.700 pessoas na China, em agosto do ano passado. As mulheres entrevistadas disseram que tiveram de fazer exames de gravidez antes de ser contratadas.
As empregadas também disseram que são punidas com a perda de um dia de salário por qualquer atraso. Os banheiros das fábricas não estavam em condições de uso, e as funcionárias não tinham um sindicato.
Para a direção da Nike, os exames não fazem parte do processo de contratação, mas os administradores fazem testes mensais nas empregadas. De acordo com eles, os testes são um esforço para se adaptar à legislação chinesa, que proíbe mulheres grávidas de sete meses de trabalhar.
A Nike diz que as empregadas devem ter "confundido" esses exames com o que supunham ser uma obrigação para contratação.
A Nike não está só nas irregularidades. Na fábrica da Reebok na China, os monitores descobriram que 51 dos 851 funcionários não recebiam pensão, licença médica, seguro-desemprego e auxílio médico adequado.
Na fábrica da Adidas, cinco empregados estavam trabalhando havia mais de dois meses sem nenhum dia de folga.
O caso da Nike é o mais gritante. "Há muitos problemas na Nike, mas eles têm o mérito de ter buscado uma solução", disse Auret van Heerden, presidente da Fair Labor, ao se referir ao fato de a empresa ter solicitado a inspeção voluntariamente.


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