São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2005

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Investidor diz que pode voltar a atuar na Bolsa

DA REPORTAGEM LOCAL

O investidor libanês naturalizado brasileiro Naji Nahas era um dos homens mais ricos da América Latina no final da década de 1980, quando um escândalo financeiro impôs a ele a alcunha de megaespeculador e um prejuízo que, hoje, ficaria próximo a US$ 7 bilhões.
Nahas recusa o rótulo e avisa que pode voltar a operar no mercado financeiro. "Sou inocente. Não existe no mundo caso de alguém que especule com blue chips [ações de companhias grandes], como era meu caso. Além disso, nunca me meti em negócios com dinheiro público. Paguei todas as dívidas", disse ele.
Em 1989, a empresa Selecta Comércio e Indústria, de Nahas, passou à Bolsa de Valores do Rio um cheque sem fundos no valor de 38 milhões de cruzados, a moeda brasileira usada no período.
Naquele tempo, Nahas controlava um grupo de 25 empresas e era dono de 7% da Petrobras e 12% da Companhia Vale do Rio Doce, as duas maiores empresas do país.
Pelo negócio com a Bolsa, Nahas foi condenado em 1997 a 24 anos e oito meses de prisão, mas a sentença foi anulada.
Segundo ele, o problema aconteceu porque as regras da Bolsa foram alteradas de uma hora para outra.
Questionado se foi responsável pela quebra da Bolsa do Rio, Nahas disse: "Em primeiro lugar, a Bolsa não quebrou porque não pagou ninguém. Ela cancelou as operações. Quem perdeu fui eu, que vi minhas ações da Petrobras e da Vale virarem pó. Em segundo lugar, não tinha nem viúva nem órfão nesse jogo. Os maiores bancos do mundo haviam me financiado com base em garantias, e elas foram executadas".
Fluente em sete línguas, Nahas é hoje consultor de várias multinacionais interessadas em investir no Brasil, país no qual vive desde 1969. Não gosta de falar sobre as novas atividades.
Ele afirma acreditar no Brasil e estar otimista quanto às oportunidades de investimento oferecidas pelo país. "Passei todos esses anos trazendo investidores para cá e, ainda hoje, se alguém me pede um conselho, digo para investir no Brasil", afirma Nahas.


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