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São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2003

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TRABALHO

Metalúrgicos do ABC rejeitam proposta e param por tempo indeterminado

Greve deve crescer em montadoras

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os metalúrgicos rejeitaram a proposta de reajuste salarial do Sinfavea (sindicato dos fabricantes de veículos), e a greve, iniciada ontem em algumas unidades, deve se estender a partir de hoje por tempo indeterminado. A decisão foi tomada sob chuva, em assembléia que reuniu 10 mil trabalhadores, segundo informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A proposta previa reajuste de 15,7% -reposição da inflação pelo INPC entre outubro de 2002 e setembro deste ano- para quem ganha até R$ 4.200. Acima dessa faixa, haveria reajuste único de R$ 659,40. A antecipação da data-base (novembro) para outubro em 2003 e para setembro em 2004 e um aumento de 190,34% no piso salarial (passaria para R$ 750) também integravam a proposta.
As comissões de fábrica de cada montadora vão decidir de que forma a paralisação será feita.
Na Volkswagen, a greve começou ontem, quando funcionários do segundo e terceiro turnos deixaram a produção parada e foram em passeata da via Anchieta até a sede do sindicato. A empresa confirmou a paralisação.
Os cerca de 4.000 funcionários da Ford também não trabalham hoje. Após a assembléia marcada para as 6h, eles irão para casa.
Na Scania, 500 trabalhadores do segundo turno cruzaram os braços ontem. Na Mercedes-Benz, a estratégia de parar um setor mensalista diariamente, adotada há dois dias, vai continuar. Hoje o protesto deve atingir o setor de motores, com 1.500 funcionários.
"Isso acaba com qualquer boato de que os sindicatos [da CUT] estavam atrelados ao governo", disse o presidente do sindicato do ABC, José Lopez Feijóo.
Já os trabalhadores da Volks em Taubaté (130 km de SP) rejeitaram em assembléia, por unanimidade, o reajuste oferecido pela montadora e decidiram entrar em estado de greve.
Eles rejeitaram a realocação de 2.010 operários considerados excedentes para a Autovisão (empresa criada pela Volks), sem garantia de emprego. Caso a empresa não apresente nova proposta de reajuste, a categoria deverá iniciar uma greve por tempo indeterminado.

Manifestação no Santander
Mil funcionários do prédio de administração geral do Santander Banespa, antigo edifício sede do banco, fizeram um dia de paralisação ontem contra 35 demissões e contra a ameaça de mais de 300 dispensas, informou o Sindicato dos Bancários de São Paulo. A assessoria do Santander Banespa não se pronunciou.
Na manifestação em agência na região central de São Paulo, os funcionários colaram 35 cruzes de papel na parede do banco, em alusão aos demitidos. Segundo o sindicato, a agência ficou fechada.

Anistia aos petroleiros
Também ontem, a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que concede anistia aos petroleiros punidos em razão de greves no período entre 10 de setembro de 1994 e 1º de setembro de 1996.
O projeto, que ainda precisa ser aprovado pelo Senado, prevê a concessão de anistia a dirigentes, representantes sindicais e aos trabalhadores punidos pela greve.


Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Folha Vale


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