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Folhainvest
Ação da Bovespa exige foco do investidor
Para especialistas, grande desafio dos acionistas é como acompanhar o desempenho da Bolsa de SP agora como uma empresa
Analistas vêem tendência positiva, mas ressaltam que papéis são mais suscetíveis a turbulências externas do que os de outras empresas
FABRICIO VIEIRA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após sua abertura de capital
e a estréia das ações em pregão,
a dúvida do investidor agora é:
como avaliar a Bovespa como
uma empresa? Analistas afirmam que, apesar de as projeções serem favoráveis, não é tarefa simples compreender por
enquanto se a Bovespa Holding
irá ter resultados satisfatórios
ou mesmo mais atraentes que o
de outras grandes companhias.
No começo deste ano, a Bovespa (Bolsa de Valores de São
Paulo) ainda era uma associação sem fins lucrativos, que tinha a finalidade de suprir o
mercado com um local apropriado e um sistema onde se
pudesse negociar ativos, principalmente ações.
Mas, atenta à tendência
mundial, a Bovespa resolveu
em 2006 dar início à sua desmutualização -processo que
leva à abertura de capital das
Bolsas de Valores. Com a estréia de suas ações no pregão de
sexta-feira, a Bovespa Holding
passou a ser uma das 434 companhias com papéis listados no
mercado acionário brasileiro.
"A primeira coisa que se tem
de olhar é o volume de negócios. A Bovespa vive de quê?
Quanto mais volume de negócios e mais empresas abertas,
melhores as perspectivas", avalia Lucy Sousa, presidente da
Apimec/SP. "A aposta é de que
a Bovespa vai zelar muito enquanto companhia aberta pelos custos e pela rentabilidade.
Vai zelar com mais rigor ainda
pelas suas margens [de lucro]."
O que as aberturas de capital
de Bolsas pelo mundo mostram
é que a operação costuma ser
bem aceita no mercado (cerca
de 70% das mais relevantes
Bolsas do planeta já lançaram,
ou estão próximas de lançar,
suas ações em pregão).
A Bovespa iniciou seus negócios como uma das 15 maiores
companhias do mercado de capitais brasileiro. A disparada de
52,13% das suas ações ordinárias no pregão inicial, na sexta-feira, mostra que muita gente
que ficou de fora do IPO (lançamento público inicial de ações,
na sigla em inglês) correu para
comprar os papéis quando esses chegaram ao mercado.
Ninguém sabe estimar o fôlego para as ações da Bovespa
continuarem em alta, negociadas acima dos R$ 30 -na sexta,
fecharam vendidas a R$ 34,99.
No primeiro prospecto feito
pelos coordenadores da operação de IPO, colocou-se no preço estimado para as ações um
piso de R$ 15,50. As ações estrearam vendidas a R$ 23.
"A tendência para a Bovespa
[como empresa] é muito positiva, pois vai acompanhar o desenvolvimento do mercado de
capitais. Especialmente porque
se espera que o grau de investimento seja alcançado pelo país
em 2008, o que poderia trazer
mais capital externo para o
mercado brasileiro", afirma o
economista Alex Agostini, da
consultoria Austin Rating.
Riscos
Porém, talvez mais do que
qualquer empresa, a Bovespa
está altamente suscetível às
turbulências internacionais.
Em um momento de crise como o enfrentado pelos mercados mundiais, especialmente
em agosto, a Bovespa Holding
poderia ter maiores dificuldades para gerar receitas. Se os
negócios encolherem, empresas deixarem de abrir capital e
as ações como um todo se desvalorizarem, a nova companhia
pode ter de enfrentar problemas extraordinários para se
mostrar lucrativa e interessante para seus acionistas.
A Bovespa é a maior Bolsa de
Valores da América Latina. Devido a seu tamanho e estrutura,
especula-se que possa vir a ser
alvo de aquisições pesadas, de
grandes blocos, por parte de
grupos e fundos internacionais.
Como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) decidiu que
haverá um teto de 15% na participação de um investidor no capital da Bovespa (ou da BM&F,
quando esta abrir o seu capital),
as Bolsas não devem ser assumidas por um novo controlador no futuro.
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