São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Folhainvest

Mercado se prepara para as ações da BM&F

Sucesso da abertura de capital da Bovespa deve estimular procura pelos papéis da Bolsa de Mercadorias & Futuros

Especialistas advertem para risco de pequeno investidor de varejo deixar o papel antes de obter o potencial total de valorização da ação

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Concluída a abertura de capital da Bovespa, as atenções do mercado financeiro e dos pequenos investidores de varejo se dirigem agora para o IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) da vizinha BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), que deve acontecer ainda neste ano. A oferta não tem data definida, mas deve acontecer até o início de dezembro.
Uma das líderes no mercado de derivativos, a BM&F é a quarta maior Bolsa de futuros do mundo, um mercado sofisticado que oferece instrumentos financeiros para diminuição de riscos e potencialização de lucros na negociação de commodities agrícolas, como soja, café e álcool, além dos mercados de juros, câmbio e ações.
A expectativa dos analistas é que a expansão da economia brasileira leve a um aumento na utilização desses instrumentos financeiros, o que aumentaria as receitas da BM&F. Nos próximos anos, as corretoras especializadas nesses contratos esperam aumentar o suporte dado a fundos e investidores estrangeiros, que hoje utilizam pouco o mercado de derivativos brasileiro.
Como no caso da Bovespa, o risco maior é o mercado entrar em uma fase de retração. Diferentemente do que fez a Bovespa, o prospecto preliminar da BM&F não prevê, até o momento, a discriminação no varejo entre investidores de perfil de longo prazo e do pequeno especulador, que vende as ações obtidas para embolsar o lucro nas primeiras horas de negociações, o chamado "flipper".
Para a BM&F, o investidor de varejo poderá destinar de R$ 5.000 a R$ 300 mil, sendo que a fatia de varejo deve ficar com pelo menos 10% da oferta.
Se repetir a procura recorde pelas ações, o rateio deverá ser ainda maior do que na Bovespa, quando o investidor pessoa física conseguiu ficar com, no máximo, R$ 12.098 em ações. No caso da Bovespa, a demanda bateu em R$ 60 bilhões, quase dez vezes maior do que os R$ 6,6 bilhões em papéis ofertados.
Lucy Sousa, presidente da Apimec-SP, afirma que o IPO da BM&F seguirá a mesma diretriz testada pela Bovespa. "A BM&F já é uma das maiores Bolsas de derivativos do mundo. As últimas parcerias feitas só reafirmam o seu papel importante de uma Bolsa de abrangência mundial", disse.
Na semana passada, a BM&F anunciou a intenção de fechar uma sociedade com a Bolsa americana CME Group, maior Bolsa de derivativos do mundo. Com a sociedade, o CME Group deverá ficar com 10% das ações da BM&F S.A, no valor de R$ 1,3 bilhão. Já a BM&F levará em troca uma participação de cerca de 2% no CME Group.
No mês passado, a BM&F já havia anunciado a venda de outros 10%, estimados em R$ 1 bilhão, em ações para o fundo americano General Atlantic, que tem participações nas Bolsas de Nova York e de Mumbai.
Para o matemático Marcos Crivelaro, da Fiap, a valorização na estréia das ações da Bovespa deve estimular a procura pela BM&F. "O sucesso da operação da Bovespa vai reforçar o interesse na BM&F, que tem produtos mais interessantes, é mais sofisticada e criativa. Quem apostou e ganhou vai querer dobrar agora. Mas é preciso ver se não há um exagero em tudo isso", disse.
Crivelaro adverte que o pequeno investidor deve pensar a longo prazo e não "flippar" ao primeiro sinal de lucro, sob o risco de deixar de ganhar mais. Na sexta, investidores que venderam a ação da Bovespa com alta de 30% no final da manhã, deixaram de embolsar um ganho de 52% no final do dia.

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