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Folhainvest
Mercado se prepara para as ações da BM&F
Sucesso da abertura de capital da Bovespa deve estimular procura pelos papéis da Bolsa de Mercadorias & Futuros
Especialistas advertem para risco de pequeno investidor de varejo deixar o papel antes de obter o potencial total de valorização da ação
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Concluída a abertura de capital da Bovespa, as atenções do
mercado financeiro e dos pequenos investidores de varejo
se dirigem agora para o IPO
(oferta pública inicial, na sigla
em inglês) da vizinha BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros), que deve acontecer ainda
neste ano. A oferta não tem data definida, mas deve acontecer
até o início de dezembro.
Uma das líderes no mercado
de derivativos, a BM&F é a
quarta maior Bolsa de futuros
do mundo, um mercado sofisticado que oferece instrumentos
financeiros para diminuição de
riscos e potencialização de lucros na negociação de commodities agrícolas, como soja, café
e álcool, além dos mercados de
juros, câmbio e ações.
A expectativa dos analistas é
que a expansão da economia
brasileira leve a um aumento
na utilização desses instrumentos financeiros, o que aumentaria as receitas da BM&F.
Nos próximos anos, as corretoras especializadas nesses contratos esperam aumentar o suporte dado a fundos e investidores estrangeiros, que hoje
utilizam pouco o mercado de
derivativos brasileiro.
Como no caso da Bovespa, o
risco maior é o mercado entrar
em uma fase de retração. Diferentemente do que fez a Bovespa, o prospecto preliminar da
BM&F não prevê, até o momento, a discriminação no varejo entre investidores de perfil
de longo prazo e do pequeno especulador, que vende as ações
obtidas para embolsar o lucro
nas primeiras horas de negociações, o chamado "flipper".
Para a BM&F, o investidor de
varejo poderá destinar de R$
5.000 a R$ 300 mil, sendo que a
fatia de varejo deve ficar com
pelo menos 10% da oferta.
Se repetir a procura recorde
pelas ações, o rateio deverá ser
ainda maior do que na Bovespa,
quando o investidor pessoa física conseguiu ficar com, no máximo, R$ 12.098 em ações. No
caso da Bovespa, a demanda bateu em R$ 60 bilhões, quase dez
vezes maior do que os R$ 6,6 bilhões em papéis ofertados.
Lucy Sousa, presidente da
Apimec-SP, afirma que o IPO
da BM&F seguirá a mesma diretriz testada pela Bovespa. "A
BM&F já é uma das maiores
Bolsas de derivativos do mundo. As últimas parcerias feitas
só reafirmam o seu papel importante de uma Bolsa de
abrangência mundial", disse.
Na semana passada, a BM&F
anunciou a intenção de fechar
uma sociedade com a Bolsa
americana CME Group, maior
Bolsa de derivativos do mundo.
Com a sociedade, o CME Group
deverá ficar com 10% das ações
da BM&F S.A, no valor de R$
1,3 bilhão. Já a BM&F levará
em troca uma participação de
cerca de 2% no CME Group.
No mês passado, a BM&F já
havia anunciado a venda de outros 10%, estimados em R$ 1 bilhão, em ações para o fundo
americano General Atlantic,
que tem participações nas Bolsas de Nova York e de Mumbai.
Para o matemático Marcos
Crivelaro, da Fiap, a valorização na estréia das ações da Bovespa deve estimular a procura
pela BM&F. "O sucesso da operação da Bovespa vai reforçar o
interesse na BM&F, que tem
produtos mais interessantes, é
mais sofisticada e criativa.
Quem apostou e ganhou vai
querer dobrar agora. Mas é preciso ver se não há um exagero
em tudo isso", disse.
Crivelaro adverte que o pequeno investidor deve pensar a
longo prazo e não "flippar" ao
primeiro sinal de lucro, sob o
risco de deixar de ganhar mais.
Na sexta, investidores que venderam a ação da Bovespa com
alta de 30% no final da manhã,
deixaram de embolsar um ganho de 52% no final do dia.
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