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Crise impacta pouco lucro de banco até o 3º trimestre
Bancos tiveram resultado menor em operações com títulos públicos e privados
Para analistas, pequena exposição cambial dos clientes dos bancos brasileiros trouxe alivio também na cotação do dólar
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com exceção dos ganhos menores das Tesourarias, a crise
praticamente não aparece nos
resultado dos principais bancos brasileiros, que seguem
com crescimento no lucro líquido recorrente, aquele que
despreza os efeitos de vendas
de participações e amortização
de créditos tributários.
Bradesco, Unibanco, Itaú e
Santander/Real tiveram todos
aumento nos ganhos em função ainda da expansão do crédito, que cresceu em setembro
34% em relação a 2007.
Unibanco e Itaú, que adiantaram seus balanços, deixaram
para reportar o resultados da
Tesouraria (operações com títulos públicos e privados) na
próxima semana, mas já admitiram que foi menor do que no
ano passado.
O Bradesco teve de registrar
perdas de R$ 475 milhões com
marcação a mercado de títulos.
Já o Santander/Real admitiu
resultado menor, mas não detalhou o impacto por conta da
consolidação de dados ainda
parcial de ambos os bancos.
Segundo analistas, a atual
temporada de balanços trouxe
luz a uma das maiores dúvidas
do mercado, que dizia respeito
à exposição dos clientes ao
câmbio. A expectativa era que,
se tivessem de desmontar essas
operações com o dólar em R$
2,30, os bancos precisariam levantar junto aos clientes entre
R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões.
O risco, no caso, é do cliente e
não do banco, cujos ativos no
exterior costumam neutralizar
a exposição cambial.
Itaú e Unibanco mostraram
que a exposição dos clientes
era, respectivamente, de R$ 2,4
bilhões e de R$ 1 bilhão -em
torno de 0,5% de seus ativos.
Bradesco e Santander revelaram uma exposição de R$ 973
milhões e de R$ 1,43 bilhão,
também abaixo de 0,5%.
Vale registrar que a maior
parte dessas operações é feita
pelos bancos estrangeiros, mas
os quatro representariam pelo
menos um terço desse mercado. Segundo um grande banco,
a exposição máxima do sistema
não passaria de R$ 22 bilhões.
"Ninguém sabia quanto era a
exposição cambial. Claro que a
maior parte é carregada pelos
bancos estrangeiros. [No país],
os bancos que tinham maior
exposição eram esses quatros e
não era tão relevante quanto o
mercado esperava. Já foi um
grande alívio", disse Ceres Lisboa, da agência Moody"s de
classificação de risco.
Para João Augusto Salles,
analista da Lopes Filho, os bancos acertaram quando vieram a
público falar sobre o assunto e a
queda do dólar refletiria isso.
"Os bancos foram pró-ativos
para apresentar o resultado e
tocaram num ponto crucial, o
da exposição cambial. Seja em
derivativo exótico seja nos pontuais, no limite, [as exposições]
são baixas em relação à carteira
total. Tinha um medo de que
fossem US$ 30 bilhões espalhados pelos grandes bancos.
Tranqüilizaram o mercado".
Para Salles, a dúvida agora é
quanto à desaceleração no crédito. Ele lembra que outubro
foi um mês parado e que isso
vai aparecer no resultado do
quarto trimestre. "O Natal traz
um componente sazonal que
pode equilibrar o final do ano.
O questionamento atual é
aquele que o Bradesco mostrou
em termos de perda com o volatilidade no mercado, que foi
com a marcação a mercado."
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