São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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Crise impacta pouco lucro de banco até o 3º trimestre

Bancos tiveram resultado menor em operações com títulos públicos e privados

Para analistas, pequena exposição cambial dos clientes dos bancos brasileiros trouxe alivio também na cotação do dólar

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com exceção dos ganhos menores das Tesourarias, a crise praticamente não aparece nos resultado dos principais bancos brasileiros, que seguem com crescimento no lucro líquido recorrente, aquele que despreza os efeitos de vendas de participações e amortização de créditos tributários.
Bradesco, Unibanco, Itaú e Santander/Real tiveram todos aumento nos ganhos em função ainda da expansão do crédito, que cresceu em setembro 34% em relação a 2007.
Unibanco e Itaú, que adiantaram seus balanços, deixaram para reportar o resultados da Tesouraria (operações com títulos públicos e privados) na próxima semana, mas já admitiram que foi menor do que no ano passado.
O Bradesco teve de registrar perdas de R$ 475 milhões com marcação a mercado de títulos. Já o Santander/Real admitiu resultado menor, mas não detalhou o impacto por conta da consolidação de dados ainda parcial de ambos os bancos.
Segundo analistas, a atual temporada de balanços trouxe luz a uma das maiores dúvidas do mercado, que dizia respeito à exposição dos clientes ao câmbio. A expectativa era que, se tivessem de desmontar essas operações com o dólar em R$ 2,30, os bancos precisariam levantar junto aos clientes entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões.
O risco, no caso, é do cliente e não do banco, cujos ativos no exterior costumam neutralizar a exposição cambial.
Itaú e Unibanco mostraram que a exposição dos clientes era, respectivamente, de R$ 2,4 bilhões e de R$ 1 bilhão -em torno de 0,5% de seus ativos. Bradesco e Santander revelaram uma exposição de R$ 973 milhões e de R$ 1,43 bilhão, também abaixo de 0,5%.
Vale registrar que a maior parte dessas operações é feita pelos bancos estrangeiros, mas os quatro representariam pelo menos um terço desse mercado. Segundo um grande banco, a exposição máxima do sistema não passaria de R$ 22 bilhões.
"Ninguém sabia quanto era a exposição cambial. Claro que a maior parte é carregada pelos bancos estrangeiros. [No país], os bancos que tinham maior exposição eram esses quatros e não era tão relevante quanto o mercado esperava. Já foi um grande alívio", disse Ceres Lisboa, da agência Moody"s de classificação de risco.
Para João Augusto Salles, analista da Lopes Filho, os bancos acertaram quando vieram a público falar sobre o assunto e a queda do dólar refletiria isso. "Os bancos foram pró-ativos para apresentar o resultado e tocaram num ponto crucial, o da exposição cambial. Seja em derivativo exótico seja nos pontuais, no limite, [as exposições] são baixas em relação à carteira total. Tinha um medo de que fossem US$ 30 bilhões espalhados pelos grandes bancos. Tranqüilizaram o mercado".
Para Salles, a dúvida agora é quanto à desaceleração no crédito. Ele lembra que outubro foi um mês parado e que isso vai aparecer no resultado do quarto trimestre. "O Natal traz um componente sazonal que pode equilibrar o final do ano. O questionamento atual é aquele que o Bradesco mostrou em termos de perda com o volatilidade no mercado, que foi com a marcação a mercado."


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