São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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NY ajuda, e Bovespa tem alta de 13,4%

Com exterior animado, investidores vão às compras; todas as ações do Ibovespa encerraram o pregão com valorização

Ganhos expressivos de ontem não significam uma mudança de tendência; perda mensal da Bolsa está elevada, ficando em 32,6%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na véspera de os bancos centrais definirem os juros nos Estados Unidos e no Brasil, as Bolsas de Valores registraram ganhos muito elevados pelo mundo. Para a Bovespa, o pregão de recuperação resultou em valorização de 13,42%.
Todavia, a alta expressiva não conseguiu afastar a Bolsa paulista do terreno negativo no acumulado do mês. A depreciação em outubro ainda está em 32,61%. As perdas no ano alcançam 47,74%. Aos 33.386 pontos, a Bovespa ainda está 54,6% abaixo de seu pico histórico (os 73.516 pontos registrados em 20 de maio).
Com a trégua de notícias negativas, os investidores foram às compras em um mercado de ações depreciadas, tanto aqui como no exterior. A Bovespa havia encerrado na segunda em seu menor nível em três anos.
No fim da tarde, os investidores passaram a especular com a possibilidade de o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) reduzir os juros de forma mais forte do que o esperado -o mercado conta com um corte de 1,5 ponto percentual, para 1,25%, na taxa americana.
No exterior, houve altas muito expressivas nas Bolsas de Frankfurt (11,28%), de Nova York (o Dow Jones avançou 10,88%) e de Tóquio (6,41%).
Na Bovespa, operadores notaram até a participação de capital externo na ponta de compra ontem. A saída recorde dos estrangeiros do mercado local tem sido um fator muito punitivo para a Bovespa. Todas as 66 ações do índice Ibovespa encerraram o pregão com ganhos.
A recuperação de Petrobras, Vale e dos bancos ajudou a sustentar o Ibovespa em elevado patamar durante boa parte do pregão de ontem, por estarem entre os papéis de maior negociação do mercado.
A ação preferencial "A" da Vale terminou com ganhos de 13,38%. Já para Petrobras PN, o papel mais negociado da Bovespa, a alta ficou em 10,71%. No setor bancário, destaque para Unibanco UNT (13,91% de ganho), Bradesco PN (13,84%), Banco do Brasil ON (13,24%) e Itaú PN (8,85%).
"A Bolsa está com preços muito baixos, principalmente se olharmos os fundamentos das empresas. Com o fraco dia de indicadores econômicos, houve espaço para boas recuperações. Mas a forte alta de hoje [ontem] não significa que houve uma mudança de tendência do mercado. Nada garante que não tenhamos perdas amanhã [hoje]", afirma Theodoro Fleury, analista de mercado da XP Investimentos.
No pregão do último dia 14, a Bolsa havia tido valorização ainda mais expressiva, de 14,66%. E isso não representou uma reversão do mau momento. De lá para cá, não faltaram pregões de baixas.
Ao se considerar o topo do Ibovespa ontem, apareceram ações de empresas ligadas à economia interna. No setor imobiliário, destacaram-se Cyrela Realt ON, com valorização de 33,54%, e Gafisa ON, que subiu 29,53%. Em seguida apareceram as ações preferenciais das Lojas Americanas, com 28,04%, e América Latina Logística UNT, que teve apreciação de 27,73%.
A fuga de capital externo do mercado acionário, que ocorre desde junho, já retirou do pregão da Bovespa cerca de R$ 23 bilhões. Neste mês, a saída era de R$ 4,67 bilhões no dia 24, último dado disponibilizado.
"Pontualmente podemos ver os estrangeiros comprando ações na Bolsa. Mas para um retorno de fato teremos de esperar o mercado se estabilizar lá fora. E esse processo vai ser lento", afirma Fleury.


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