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Consumidores já reduzem compras e ida a restaurante
Vendas à vista caem 4,5% em SP; movimento em churrascarias diminui 10%
Receosos com os efeitos da crise levam os consumidores a ficarem mais cautelosos com gastos supérfluos, segundo associações
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os consumidores estão mais
cautelosos com os gastos neste
mês, como efeito da crise financeira internacional. As vendas à
vista caíram 4,5% em São Paulo, o movimento nas churrascarias diminuiu 10% e, em restaurantes, 30%, segundo levantamento realizado por associações desses setores.
"As pessoas estão economizando porque estão com medo
do que pode acontecer com a
economia daqui para a frente",
afirma Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial
de São Paulo (ACSP). As vendas
à vista (medidas pelo número
de consultas ao Usecheque),
que cresceram 5,6% de janeiro
a setembro, caíram 4,5% do dia
1º a 27 deste mês em relação a
igual período do ano passado.
As consultas ao SPC, indicador das vendas à prazo, registraram aumento de 1,4% no
mesmo período, após alta de
8,3% acumulada de janeiro a
setembro deste ano sobre igual
período do ano passado.
"Não há dúvida, houve desaceleração de consumo em outubro. Agora a grande dúvida é:
o problema é falta de crédito ou
o consumidor perdeu a confiança na economia e no emprego? Se for falta de confiança,
vai demorar para as vendas voltarem a crescer", diz Alfieri.
Levantamento da Federação
de Hotéis, Restaurantes, Bares
e Similares do Estado de São
Paulo constatou queda de cerca
de 35% no movimento de restaurantes e bares neste mês em
São Paulo e de 30%, em média,
no país. "A lei seca [que pune
quem dirige após ingerir bebidas alcóolicas] já tinha afetado
os negócios do setor. Com a crise financeira, a situação piorou
ainda mais. A gente sente que o
consumidor quer economizar",
afirma Nelson de Abreu Pinto,
presidente da federação.
As churrascarias paulistas
atribuem à crise queda de 10%
no movimento neste mês na
comparação com outubro do
ano passado. "O consumidor
sente pessimismo no ar ao ouvir tantas notícias ruins sobre
efeitos da crise e, por isso, deixa
de sair para comer fora", afirma
Wanderley Mantovani, presidente da Achuesp, associação
das churrascarias paulistas.
Os fabricantes de refrigerantes também sentiram o consumidor mais retraído. "Ainda
não temos números fechados
para este mês, mas, com certeza, o consumo de refrigerantes
caiu e poderia ter caído ainda
mais se a indústria tivesse repassado todo o aumento de
custos para os preços", afirma
Fernando Bairros, presidente
da Afrebras, associação que representa fabricantes regionais
de refrigerantes. Segundo ele,
os preços de algumas matérias-primas, como conservantes e
edulcorantes, subiram até 40%
após a alta do dólar.
Levantamento da Fecomercio divulgado ontem mostra
preocupação do consumidor
com a crise -81% dos paulistanos consultados acreditam que
a crise vai afetar o Brasil, o que
pode resultar em desemprego,
aumento de endividamento e
da inflação, principalmente.
"Não há dúvida que estamos
passando por um período de esfriamento do consumo. O consumidor está com receio de
gastar neste momento porque
teme a perda do emprego e
também aumento de dívidas",
afirma Valdemir Colleone, diretor da Lojas Cem.
Segundo ele, os produtos supérfluos, como câmaras digitais e televisores de LCD e plasma, são mais atingidos pela crise neste mês. "O consumidor
está comprando somente o que
é necessário", diz. Por conta
disso, a Lojas Cem, que previa
faturar 12% mais neste mês em
relação a igual período do ano
passado, prevê faturar 3% mais.
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