São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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Leilão testa mercado de crédito

Governo de São Paulo retoma hoje a concessão de 1.763 kms de rodovias

Até ontem, grupos tentavam fechar acordos com bancos para definir as propostas que seriam apresentadas no leilão

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor brasileiro de infra-estrutura vai ter hoje uma amostra da saúde do sistema de crédito no país. O governo de São Paulo, apesar da crise financeira, manteve a data e realiza hoje, a partir das 8h30, no Instituto de Engenharia (zona sul da capital paulista), o leilão de concessão de cinco rodovias paulistas. Os cinco corredores são Carvalho Pinto/Ayrton Senna, d. Pedro 1º, Raposo Tavares e os trechos oeste e leste da rodovia Marechal Rondon. O governo pretende conceder 1.763 quilômetros de estradas.
Os grupos interessados terão de viabilizar financiamentos para pagar R$ 3,4 bilhões a título de outorga para o governo de São Paulo, em até 18 meses. Além disso, terão de cumprir um programa de investimentos estimado em R$ 7,99 bilhões -a maior parte do dinheiro terá de ser aplicada nos primeiros anos da concessão.
A decisão dos grupos em arrematar as concessões de rodovias paulistas demandará R$ 11,4 bilhões entre capital próprio e de terceiros.
A previsão é que a maior parte dos recursos terá de vir do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Esse volume de capital é maior do que o investimento previsto para a construção da linha de transmissão das usinas do rio Madeira, projeto estimado em R$ 7 bilhões. Com receio da crise de crédito, o governo federal adiou por um mês o leilão de concessão da linha, marcado agora para o fim de novembro. A obra faz parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
A corrida por crédito de instituições nacionais e estrangeiras mobilizava ainda ontem os grupos interessados em participar do leilão. Segundo apurou a reportagem da Folha, muitos consórcios aguardavam durante o dia de ontem o aval de bancos para fechar a proposta a ser apresentada hoje.
"Está todo mundo praticamente na mesma situação, aguardando alguns detalhes para saber se o grupo pode participar de um ou mais leilões", disse Francinett Vidigal, sócio-diretor da VAE Consultores, representante de um potencial participante no leilão.
A dificuldade persiste mesmo depois que a Nossa Caixa, sob determinação do governo de São Paulo, anunciou uma oferta de crédito total de R$ 759 milhões para os vencedores. O valor equivale a 22% da outorga.
Segundo Vidigal, a tendência é que todos os lotes tenham oferta, mas a disputa não deverá ser acirrada.
O secretário dos Transportes, Mauro Arce, disse na semana passada que esperava que pelo menos dez consórcios pudessem participar da disputa. A reportagem procurou a CCR, a Cibe e a OHL, mas nenhum grupo quis falar sobre o leilão.
Com a baixa concorrência, amplia-se a perspectiva de que os descontos nas tarifas de pedágio sejam pequenos, bem diferentes dos 60% obtidos no leilão do Rodoanel.


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