|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Leilão testa mercado de crédito
Governo de São Paulo retoma hoje a concessão de 1.763 kms de rodovias
Até ontem, grupos tentavam fechar acordos com bancos para definir as propostas que seriam apresentadas no leilão
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor brasileiro de infra-estrutura vai ter hoje uma amostra da saúde do sistema de crédito no país. O governo de São
Paulo, apesar da crise financeira, manteve a data e realiza hoje, a partir das 8h30, no Instituto de Engenharia (zona sul da
capital paulista), o leilão de
concessão de cinco rodovias
paulistas. Os cinco corredores
são Carvalho Pinto/Ayrton
Senna, d. Pedro 1º, Raposo Tavares e os trechos oeste e leste
da rodovia Marechal Rondon.
O governo pretende conceder
1.763 quilômetros de estradas.
Os grupos interessados terão
de viabilizar financiamentos
para pagar R$ 3,4 bilhões a título de outorga para o governo de
São Paulo, em até 18 meses.
Além disso, terão de cumprir
um programa de investimentos
estimado em R$ 7,99 bilhões
-a maior parte do dinheiro terá de ser aplicada nos primeiros
anos da concessão.
A decisão dos grupos em arrematar as concessões de rodovias paulistas demandará R$
11,4 bilhões entre capital próprio e de terceiros.
A previsão é que a maior parte dos recursos terá de vir do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social).
Esse volume de capital é
maior do que o investimento
previsto para a construção da
linha de transmissão das usinas
do rio Madeira, projeto estimado em R$ 7 bilhões. Com receio
da crise de crédito, o governo
federal adiou por um mês o leilão de concessão da linha, marcado agora para o fim de novembro. A obra faz parte do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento).
A corrida por crédito de instituições nacionais e estrangeiras mobilizava ainda ontem os
grupos interessados em participar do leilão. Segundo apurou
a reportagem da Folha, muitos
consórcios aguardavam durante o dia de ontem o aval de bancos para fechar a proposta a ser
apresentada hoje.
"Está todo mundo praticamente na mesma situação,
aguardando alguns detalhes
para saber se o grupo pode participar de um ou mais leilões",
disse Francinett Vidigal, sócio-diretor da VAE Consultores,
representante de um potencial
participante no leilão.
A dificuldade persiste mesmo depois que a Nossa Caixa,
sob determinação do governo
de São Paulo, anunciou uma
oferta de crédito total de R$
759 milhões para os vencedores. O valor equivale a 22% da
outorga.
Segundo Vidigal, a tendência
é que todos os lotes tenham
oferta, mas a disputa não deverá ser acirrada.
O secretário dos Transportes, Mauro Arce, disse na semana passada que esperava que
pelo menos dez consórcios pudessem participar da disputa. A
reportagem procurou a CCR, a
Cibe e a OHL, mas nenhum
grupo quis falar sobre o leilão.
Com a baixa concorrência,
amplia-se a perspectiva de que
os descontos nas tarifas de pedágio sejam pequenos, bem diferentes dos 60% obtidos no
leilão do Rodoanel.
Texto Anterior: Vaivém das commodities Próximo Texto: Dilma defende partilha de produção para o pré-sal Índice
|