São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008 |
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Dilma defende partilha de produção para o pré-sal
Mudança do modelo atual de concessão pode ocorrer sem mudar regras, diz ela
HUMBERTO MEDINA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) defendeu que a União tenha maior participação no óleo extraído das reservas do pré-sal. Hoje, com o modelo de concessões, o óleo, depois de extraído, pertence às empresas concessionárias, e a participação do governo se dá por meio de tributação (royalties e participação especial). A ministra disse que, mantido o modelo atual, haveria transferência da renda petrolífera somente para as empresas. O modelo que prevê participação do governo no petróleo extraído, como defendeu a ministra, é o de partilha. Dilma afirmou que os estudos sobre a mudança do marco regulatório do setor serão concluídos até o fim do mês que vem. "O pré-sal tem baixo risco exploratório. Além disso, o petróleo do pré-sal é mais leve [de melhor qualidade, mais caro]. O governo acha que a tese de o risco ser minimizado para a União implica, necessariamente, em aumentar a participação da União no óleo", disse a ministra. "O que se trata é de discutir qual é a parte que vai para as empresas, qual é a parte que vai ficar com a população brasileira, através do governo, e fazer um fundo que leve a isso", afirmou Dilma. Segundo ela, antes das descobertas do pré-sal, as chances de sucesso na exploração de petróleo oscilavam entre 20% e 40%. No pré-sal, segundo a ministra, as chances são de 80%. Ainda segundo a ministra, no modelo atual (concessão), o petróleo ainda não extraído vale para o governo entre US$ 5 e US$ 15 o barril. Com a mudança de modelo, passando para o sistema de partilha da produção, o óleo terá maior valor para a União. "Antes da queda do preço do petróleo, o óleo no subsolo valia algo como US$ 5 a US$ 15 o barril equivalente. No modelo de concessão [atual], é esse o valor se você precificar em termos de benefícios que podem gerar para o país", disse. "Então, na divisão da renda petrolífera, em termos de óleo, não estou falando de participação especial e não estou falando de royalties, estou falando de óleo, a União teria que se contentar com entre US$ 5 e US$ 15 [por barril]. Quando muda o regime, e não é mais regime de concessão, o óleo passa a ter valor de mercado, ou seja, no mínimo US$ 60", afirmou. Apesar de fazer uma defesa do modelo de partilha (que prevê que parte do óleo extraído fique com a União), Dilma não foi clara sobre como isso poderia ser feito. Ela afirmou, inclusive, que o governo pode não mudar a legislação em um primeiro momento. "Pode até utilizar o marco existente, essa é uma outra questão. Não estou falando que mudou a legislação, estou falando que o conceito econômico, técnico, mudou. O que se fará com isso é um outro problema. Não é um debate ideológico, é uma questão econômica. No segundo momento, pode-se discutir o modelo", afirmou. O debate sobre a exploração do pré-sal se intensificou desde abril deste ano, pautado pelo preço crescente do petróleo, que atingiu quase U$ 150. Hoje o barril está perto dos US$ 60. Como sua exploração é muito cara, pois está a uma profundidade de até 7.000 metros, alguns analistas vêem dificuldades para financiá-la se os preços caírem ainda mais e a atual escassez aguda de crédito persistir por muito tempo. Texto Anterior: Leilão testa mercado de crédito Próximo Texto: Anatel afirma que não se curva à pressão externa Índice |
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