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Anatel afirma que não se curva à pressão externa
Agência diz que governo não pressionou por Oi-BrT
ELVIRA LOBATO
EM SÃO PAULO
Com quase duas semanas de
atraso, o presidente da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), Ronaldo Sardenberg, respondeu às críticas de
que o órgão teria se curvado a
pressões externas para aprovar
a modificação do Plano Geral
de Outorgas, no dia 16. A medida abriu o caminho para a compra da Brasil Telecom pela Oi.
"Não resta dúvida de que a revisão do PGO continha aspectos polêmicos, que geraram debates e críticas e até suposições.
Entre estas, a de que a Anatel se
curvava a pressões externas.
Não é verdade. Não houve pressão por parte do governo, tampouco por parte das operadoras", afirmou Sardenberg, no
Futurecom 2008, congresso do
setor de telecomunicações.
A mudança do PGO foi aprovada sem as restrições para as
teles propostas pelo relator do
projeto, conselheiro Pedro Jaime Ziller. Ele havia proposto,
entre outras contrapartidas, a
separação das redes de telefonia fixa e de banda larga das
concessionárias de telefonia fixa local para estimular a competição nesse mercado, mas ela
foi rejeitada por 3 votos a 2.
Sardenberg sinalizou que o
conselho diretor examinará os
condicionamentos e as contrapartidas para a aprovação da
compra da BrT quando examinar o pedido de anuência prévia para a conclusão do negócio, que será apresentado pelos
acionistas da Oi, após Lula assinar decreto com o novo PGO.
O texto aprovado pelo conselho executivo da Anatel seguiu
para exame do conselho consultivo da agência, que se manifestará no dia 3. Ele não tem
poder de veto sobre as decisões
da direção executiva, sua função é só de assessoramento.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou, anteontem à noite, na abertura do
Futurecom 2008, que o decreto
do novo PGO será aprovado por
Lula até o fim de novembro. Só
após a sua publicação no "Diário Oficial" da União, os controladores da Oi poderão solicitar
a anuência prévia da Anatel para concluírem o negócio.
Pelo cronograma descrito
por Costa, a Anatel teria menos
de um mês para examinar os
contratos entre os acionistas da
BrT e os da Oi e os impactos da
fusão no mercado. A corrida
contra o tempo foi criada pelas
próprias empresas, porque o
contrato de aquisição, assinado
no fim de abril, estabelece a data de 21 de dezembro para a Oi
fazer o pagamento pelas ações
de controle da BrT. A multa para a Oi por descumprimento do
contrato é de R$ 490 milhões.
Indagado sobre se a Anatel
examinará o pedido de anuência antes de 21 de dezembro,
Sardenberg disse que ela conduzirá o caso "sem perder a dignidade" e que não estipulará
data para evitar uma reação do
mercado. Afirmou que a multa
no contrato não lhe tira o sono.
Para executivos da Oi, a Anatel teria condição de dar uma
posição em menos de três semanas, por já ter cópia de toda a
documentação. Segundo Sardenberg, a documentação foi
entregue pelas teles por causa
de um processo administrativo
instaurado para investigar se a
Oi teria o controle de fato da
BrT antes da autorização legal.
"Constatamos que não há esse
controle até o momento."
Para Sardenberg, a compra
da BrT não cria uma "supertele" porque a empresa resultante da fusão será menor do que
as operações no Brasil da Telefónica e da Telmex.
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