São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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RETOMADA?

Orçamento do banco para 2004 é de R$ 47,3 bi

Lessa diz temer sobra de recursos no BNDES por falta de projetos

PEDRO SOARES
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem temer que o orçamento do banco para este ano -R$ 47,3 bilhões, o maior da história da instituição- não seja totalmente executado por causa da falta de projetos de investimento.
Lessa almoçou ontem com 56 empresários de vários setores e fez um chamamento para que eles invistam no país.
O presidente da Suzano Petroquímica, Armando Guedes, confirmou, ao sair do encontro, o pedido de Lessa. "Há mais recursos que projetos. De certa forma, ele nos pediu que apresentássemos sugestões para a retomada do desenvolvimento do país", afirmou.
Lessa disse, porém, estar otimista com 2004: "O cenário macroeconômico é promissor para os empresários retomarem investimentos". Afirmou que, já no final de 2003, as empresas voltaram a solicitar financiamentos.
Prova disso é que cresceram o total de projetos aprovados (17%), enquadrados (34%) e o número de consultas para novos empréstimos (14%). Esses indicadores, diz Lessa, apontam aumento dos empréstimos em 2004.
Para Lessa, um dos papéis do banco é fomentar novos investimentos. "Mas os empresários não respondem só a um almoço. Se fosse assim, proporia um orçamento de R$ 100 bilhões."
Lessa disse que o grande organizador do evento foi o empresário Eugênio Staub (Gradiente), membro do conselho de administração do banco.
Staub disse que o encontro marca um novo modo de o banco se relacionar com o setor produtivo. "Essa reunião de hoje é inédita: um banco de desenvolvimento chamando seus clientes para explicar o que pretende fazer. É um outro tipo de diálogo. No passado, a iniciativa era sempre do empresário", disse Staub, primeira adesão de peso do setor industrial à campanha de Lula em 2002.
Ao comentar as declarações de Lula -que disse que os empresários deveriam trabalhar mais e chorar menos-, Staub afirmou: "Isso não é comigo. Precisa ver com quem é. Também não é com o pessoal que estava no almoço".

Infra-estrutura
No almoço, fechado à imprensa, Lessa ressaltou a disposição do banco de financiar obras de infra-estrutura. Presente ao encontro, o diretor da Odebrecht, Roberto Dias, disse que Lessa justificou tal opção por causa do grande potencial de geração de empregos.
Estiveram no almoço empresários de diversos segmentos: Josué Gomes da Silva (filho do vice-presidente José Alencar e presidente da Coteminas), Ivoncy Ioschpe (Ioschpe), Jacks Rabinovich (Vicunha e CSN), Daniel Feffer (Suzano), Paulo Cunha (Grupo Ultra), Paulo Skaf (presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira (Firjan e Ipiranga), entre outros.


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