São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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Para presidente, "índole do povo" atrai investidor

LEILA SUWWAN
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM GENEBRA

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA

Ao apresentar o Brasil a empresários em Genebra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o país não espera que crianças de rua, analfabetos e problemas sociais sensibilizem investidores estrangeiros a aplicarem recursos no país. Segundo ele, a "índole" do povo brasileiro e a "seriedade" do governo transformarão o Brasil num centro de investimentos.
"Eu estou convencido de que o fato de termos crianças de rua, de sermos um país com problemas sociais e de termos analfabetos não é motivo para sensibilizar nenhum investidor para colocar um único centavo no Brasil", disse o presidente, de improviso.
"O Brasil, pela índole de seu povo e pela seriedade com que o governo está enxergando a necessidade de desenvolvimento, deve ser um grande centro de atenção dos novos investimentos que vocês pretendem fazer", completou.
O discurso de Lula focalizou seu esforço no primeiro ano de governo para estabilizar a economia e melhorar a situação "herdada".
Pelos problemas econômicos, Lula culpou o histórico de crescimento desigual e desequilíbrios fiscais. Pelos problemas sociais, a irresponsabilidade da elite.
"A maior parte dos problemas que temos hoje é resultado da ação passada de uma elite que geriu o Estado em proveito de poucos. [...] Agravou de forma insuportável as desigualdades sociais", disse a uma platéia de cerca de 200 empresários.
"Neste ano, teremos um crescimento entre 3% e 4%", disse Lula, após reconhecer que os juros, hoje em 16,5%, continuam altos.
Em entrevista, Lula reconheceu que é preciso mais que encontros para efetivamente atrair investimentos. "Se cada vez que eu fizesse um encontro eu saísse com um pacote de investimentos, eu trabalharia da 1h até a meia-noite todos os dias", brincou, ao ser questionado sobre os resultados concretos do encontro.


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