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LEITE DERRAMADO
Força-tarefa é criada para acompanhar situação da empresa; mais R$ 100 mi são liberados para setor leiteiro
Governo não descarta intervir na Parmalat
EDUARDO SCOLESE
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anunciou ontem um
complemento de R$ 100 milhões
de ajuda ao setor leiteiro do país,
afetado pela crise da Parmalat, e
disse que uma eventual intervenção federal na empresa somente
será analisada após conversa com
a matriz da companhia na Itália.
Na última semana, o Ministério
da Agricultura já havia divulgado
a liberação por meio do Banco do
Brasil de R$ 200 milhões para o
setor. Todas as cooperativas terão
direito a retirar empréstimos,
com juros de 8,75% -na última
versão, metade dos recursos teriam esses juros. Para os demais,
os juros poderiam chegar a 15%.
A idéia é que o empréstimo seja
pago dentro de 180 dias.
Ontem se reuniram no Palácio
do Planalto, para discutir a situação da empresa, os ministros José
Dirceu (Casa Civil), Roberto Rodrigues (Agricultura), Miguel
Rosseto (Desenvolvimento Agrário), Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Bernard Appy (interino da
Fazenda), o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, o vice-presidente do Banco do Brasil,
Ricardo Conceição, Paul Singer,
do Ministério do Trabalho, e Waldemir Moka, presidente da Comissão de Agricultura da Câmara
dos Deputados.
Foi criada uma força-tarefa com
os ministérios da Agricultura, da
Justiça e do Desenvolvimento
Agrário. A comissão, que trabalhará com as comissões da Câmara, acompanhará o processo judicial da empresa, que anteontem
pediu concordata. Vai analisar o
que pode ser feito para ajudar o
setor leiteiro e os mais de 6.000
funcionários da Parmalat -da
companhia dependem 100 mil
pessoas, incluindo fornecedores.
O governo fará contato via Itamaraty com os interventores da
matriz. Rosseto e Moka também
viajarão à Itália para conversar
com os administradores sobre a
empresa no Brasil.
Rodrigues não descartou a hipótese de intervenção na empresa, mas disse: "Não faremos ações
locais sem conhecer a idéia que a
matriz faz da empresa brasileira".
Ele também anunciou que será
estudada uma linha de financiamento para o produtor de leite
não abater as matrizes e vender a
carne para pagar custos. A estimativa é que a empresa deva R$
40 milhões ao mercado leiteiro.
O grupo no Brasil ainda enfrenta dificuldade para pagar em dia
os tributos devidos à União. "Levantamentos estão sendo feitos.
Ela [a Parmalat] tem alguma dificuldade para recolher os impostos", disse ontem o secretário-adjunto da Receita Federal, Paulo
Ricardo Cardoso. Ele disse se referir a todos os impostos.
Com agências internacionais
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