São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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LEITE DERRAMADO

Força-tarefa é criada para acompanhar situação da empresa; mais R$ 100 mi são liberados para setor leiteiro

Governo não descarta intervir na Parmalat

EDUARDO SCOLESE
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo anunciou ontem um complemento de R$ 100 milhões de ajuda ao setor leiteiro do país, afetado pela crise da Parmalat, e disse que uma eventual intervenção federal na empresa somente será analisada após conversa com a matriz da companhia na Itália.
Na última semana, o Ministério da Agricultura já havia divulgado a liberação por meio do Banco do Brasil de R$ 200 milhões para o setor. Todas as cooperativas terão direito a retirar empréstimos, com juros de 8,75% -na última versão, metade dos recursos teriam esses juros. Para os demais, os juros poderiam chegar a 15%. A idéia é que o empréstimo seja pago dentro de 180 dias.
Ontem se reuniram no Palácio do Planalto, para discutir a situação da empresa, os ministros José Dirceu (Casa Civil), Roberto Rodrigues (Agricultura), Miguel Rosseto (Desenvolvimento Agrário), Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Bernard Appy (interino da Fazenda), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o vice-presidente do Banco do Brasil, Ricardo Conceição, Paul Singer, do Ministério do Trabalho, e Waldemir Moka, presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
Foi criada uma força-tarefa com os ministérios da Agricultura, da Justiça e do Desenvolvimento Agrário. A comissão, que trabalhará com as comissões da Câmara, acompanhará o processo judicial da empresa, que anteontem pediu concordata. Vai analisar o que pode ser feito para ajudar o setor leiteiro e os mais de 6.000 funcionários da Parmalat -da companhia dependem 100 mil pessoas, incluindo fornecedores.
O governo fará contato via Itamaraty com os interventores da matriz. Rosseto e Moka também viajarão à Itália para conversar com os administradores sobre a empresa no Brasil.
Rodrigues não descartou a hipótese de intervenção na empresa, mas disse: "Não faremos ações locais sem conhecer a idéia que a matriz faz da empresa brasileira". Ele também anunciou que será estudada uma linha de financiamento para o produtor de leite não abater as matrizes e vender a carne para pagar custos. A estimativa é que a empresa deva R$ 40 milhões ao mercado leiteiro.
O grupo no Brasil ainda enfrenta dificuldade para pagar em dia os tributos devidos à União. "Levantamentos estão sendo feitos. Ela [a Parmalat] tem alguma dificuldade para recolher os impostos", disse ontem o secretário-adjunto da Receita Federal, Paulo Ricardo Cardoso. Ele disse se referir a todos os impostos.


Com agências internacionais

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