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Nestlé negocia reajuste
de preços de até 20%
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Nestlé informou grandes supermercados do país que deverá
enviar novas tabelas com reajustes de preços dos produtos derivados do leite. De acordo com o
que a Folha apurou, os aumentos
negociados neste momento variam de 10% a 20% e atingem a
mesma linha de produtos fabricados pela Parmalat. Oficialmente, a
companhia nega que esteja interessada em alterar as tabelas.
As negociações ocorrem dias
após a Nestlé, por meio de seu
presidente, Ivan Zurita, ter se reunido com o governo e afirmado
que o grupo iria se esforçar para
reduzir o impacto da crise da empresa italiana no setor leiteiro.
Zurita disse no último dia 14
que a Nestlé poderia comprar
parte da produção de leite que hoje é absorvida pela Parmalat, caso
a indústria italiana suspendesse as
atividades no país.
Nesta semana, os gerentes de
venda da Nestlé sondaram supermercados e hipermercados com a
possibilidade de aumentos nas tabelas de preços de fevereiro e
março. Os reajustes solicitados
são em itens como iogurtes, leite
em pó, biscoitos e bolinhos, leite
condensado e creme de leite.
Não houve pressão no valor das
matérias-primas usadas nessas
mercadorias recentemente. A alta
foi verificada em 2002 e 2003.
Ocorreu, na prática, uma queda
no dólar neste mês, o que tende a
baratear o preço de insumos presentes nesses itens.
A possibilidade de repassar ao
varejo as pressões no valor das
matérias-primas em anos anteriores poderia levar a reajustes
agora. A busca da recomposição
de margem de lucro também pode ser outra razão para aumentos.
A Parmalat reduziu de forma
expressiva a sua produção de algumas mercadorias que devem
sofrer reajustes da Nestlé agora.
A linha de produção de biscoitos, por exemplo, ficou dez dias
paralisada. Além disso, a empresa
está inadimplente com algumas
transportadoras. Resultado: as lojas têm recebido itens da Parmalat
sem regularidade.
A rede Nordestão, por exemplo,
segunda maior cadeia de loja do
Nordeste, teve dificuldade para
receber leite condensado da marca Glória nesta semana. Na semana passada, houve problemas na
entrega de leite em pó.
Nesse cenário, empresas de alimentos tendem a aumentar o poder de barganha ao negociar preços e descontos com as lojas.
A Nestlé, concorrente direta da
empresa, compra 8% da produção nacional de leite -é a maior
compradora do produto no país.
Parmalat perde mercado
Dados obtidos pela Folha mostram que a participação de mercado da Parmalat já cai. Pesquisa
da empresa ACNielsen, só disponível para os executivos das companhias, mostra que a participação da marca no mercado de leite
condensado, que estava em 24,9%
de novembro a dezembro de
2002, passou para 16,8% no mesmo período de 2003.
Houve queda, menos forte (de
0,1 ponto percentual), nos segmentos de petit suisse e iogurte.
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