São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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Bradesco cobra redução no compulsório para "spread" cair

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, cobrou ontem nova redução dos depósitos compulsórios dos bancos para que os "spreads" -diferença entre taxa captada e repassada ao consumidor- cobrados por eles possam cair.
Para ele, essa medida é "fundamental" para que taxas bancárias sejam diminuídas.
"A questão tem que ser vista por vários ângulos. Um deles é que o compulsório pesa muito e tira muito fôlego do banco", disse Brandão em evento em comemoração dos 200 anos da Associação Comercial do Rio.
O executivo disse que a redução da taxa básica de juros não é instrumento suficiente para a queda dos "spreads" bancários. Em outubro, o BC (Banco Central) também havia anunciado a redução dos compulsórios para irrigar o mercado de crédito. Os altos "spreads" cobrados pelos bancos vêm sendo alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, ele determinou aos bancos públicos que liderem a redução dos "spreads" no setor.
Em relação ao corte de um ponto percentual (de 13,75% para 12,75% anuais) feito pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do BC na semana passada, Brandão classificou a medida como "prudente", embora "cautelosa".
Brandão projetou que a concessão do crédito por parte do Bradesco crescerá em torno dos 15% neste ano -metade da expansão registrada no ano passado. De acordo com ele, o movimento do mercado, como um todo, será semelhante. Brandão comentou que o mercado interno garantirá o aumento do volume de concessão de crédito, especialmente no financiamento automotivo e no crédito consignado.
"O crédito será restabelecido progressivamente. O Brasil tem um mercado interno muito bom", justificou.
Brandão estimou que a economia brasileira crescerá de 1,5% a 2% em 2009 -em linha com a previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional), mas abaixo da meta do governo (4%). Segundo ele, o Brasil está bem posicionado em meio à crise, mas não está imune.
As tentativas das empresas em buscar a negociação para evitar demissões são acertadas, na classificação do executivo. Brandão citou o caso da Vale -do qual o Bradespar tem participação acionária-, que, segundo ele, tem feito acordos com os funcionários.
"Tem que trabalhar com cuidado e não se precipitar. O acordo protege trabalhador e empresa", comentou.
O banqueiro avaliou que o mercado brasileiro está praticamente consolidado e que o Bradesco vai buscar crescer organicamente para retomar a liderança nacional entre os bancos privados, perdida após a fusão entre Itaú e Unibanco, em novembro do ano passado.


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