São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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CONJUNTURA

Dos US$ 23,4 bi de 2001, 68,7% foram de empresas brasileiras, diz Seade; serviço investe mais que indústria

Capital nacional lidera investimento em SP

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas de capital nacional investiram mais recursos no Estado de São Paulo em 2001 do que as de origem estrangeira. Do valor total aplicado na região (US$ 23,4 bilhões), 68,7% foi desembolsado por empresários brasileiros. Isso nunca tinha acontecido antes desde que a Fundação Seade, que divulgou ontem os dados, começou a fazer a pesquisa, em 1999. Outra surpresa: o setor de serviços investiu mais no Estado do que as indústrias.
Nos últimos anos, o parque industrial recebia, em média, US$ 14 bilhões em investimentos. Em 2001, o valor caiu para US$ 10,2 bilhões. Já as companhias de serviços, que não aplicavam mais que US$ 8,3 bilhões em média, colocaram US$ 12,6 bilhões na região -expansão superior a 50%.
A disparada nos investimentos em serviços é vista como uma tendência pelos economistas. Já em relação ao montante de recursos 100% nacionais liberados no ano, há dúvidas de que o movimento se repita.
"Ainda não sabemos se isso é apenas um leve sopro ou tem fôlego maior. A certeza é que isso é bom para o Brasil", diz Luis Antonio Paulino, economista da fundação.
Esses fatos devem ser comemorados por algumas razões. Como a área de serviços investiu mais, passou a haver um maior "equilíbrio de forças" entre os setores, como dizem os técnicos. Em 2001, a indústria aplicou 43% do total investido, contra 53% dos serviços. Em 2000, as taxas estavam em 61,4% e 35,7% -um abismo entre as áreas, com evidente desequilíbrio também na geração de postos de trabalho no Estado.
Além disso, os economistas concluem que há outro fator positivo, com base no estudo. Devido à maior liberação de capital nacional para investimentos, as companhias -por serem brasileiras- não enviarão para fora do país o retorno dessa operação. Isso acontece no caso das multinacionais, que remetem os lucros além das fronteiras. "Se isso se repetir, poderemos assistir à formação de uma maior poupança interna no Estado", afirma Paulino.
Em 2001, US$ 7 em cada US$ 10 foram aplicados por empresários brasileiros. Em 2000 e em 1999, eram de US$ 3 a US$ 4 em cada US$ 10 aplicados.

Surpresas e tendências
O levantamento confirmou outra tendência e apresentou um dado novo. A tendência: o interior do Estado atrai mais investimentos na área industrial do que em serviços. Já na região metropolitana ocorre o contrário.
Do montante total que a indústria aplicou em 2001 (US$ 10,2 bilhões), 62% foram parar em cidades como Campinas e São José dos Campos. As duas cidades foram as que tiveram a maior quantidade de novos empreendimentos no ano passado.
Entretanto, do montante total aplicado no setor de serviços (US$ 12,6 bilhões), 60% tiveram como destino a região metropolitana do Estado de São Paulo. Segundo os economistas, isso vem ocorrendo desde meados dos anos 90.
Já entre os fatos novos presentes no estudo, um causou surpresa. O Estado de São Paulo apresentou apenas uma ligeira queda (de 0,09%) no volume de investimentos em 2001. Foram US$ 23,489 bilhões, sendo que em 2000 os recursos atingiram US$ 23,510 bilhões.
Esperava-se uma retração brutal nos volumes devido à forte crise econômica na Argentina e ao racionamento de energia, que poderiam tornar os empresários locais receosos. "Foi um "quase nada" de queda", diz Maria Cecília Comegno, coordenadora do trabalho. "Vemos isso como clara estabilidade", ressalta.
Quem mais liberou recursos para o Estado foram os segmentos de telecomunicações e eletricidade, gás e água quente. Em terceiro lugar aparece transporte aéreo e, em quarto, atividades mobiliárias.
Todo o trabalho é realizado ao longo do ano por meio de anúncios de investimentos publicados na imprensa. Os técnicos confirmam, ao final do ano, a liberação efetiva dos recursos. Há trabalhos de consultorias que não fazem essa confirmação.
Nesse trabalho são computados dados apenas sobre investimentos em capacidade produtiva. Não entram números a respeito de fusões ou aquisições, privatização, investimento em marketing ou em Bolsa de Valores.



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