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CONJUNTURA
Dos US$ 23,4 bi de 2001, 68,7% foram de empresas brasileiras, diz Seade; serviço investe mais que indústria
Capital nacional lidera investimento em SP
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas de capital nacional
investiram mais recursos no Estado de São Paulo em 2001 do que as
de origem estrangeira. Do valor
total aplicado na região (US$ 23,4
bilhões), 68,7% foi desembolsado
por empresários brasileiros. Isso
nunca tinha acontecido antes desde que a Fundação Seade, que divulgou ontem os dados, começou a fazer a pesquisa, em 1999. Outra
surpresa: o setor de serviços investiu mais no Estado do que as
indústrias.
Nos últimos anos, o parque industrial recebia, em média, US$
14 bilhões em investimentos. Em
2001, o valor caiu para US$ 10,2
bilhões. Já as companhias de serviços, que não aplicavam mais
que US$ 8,3 bilhões em média, colocaram US$ 12,6 bilhões na região -expansão superior a 50%.
A disparada nos investimentos
em serviços é vista como uma tendência pelos economistas. Já em
relação ao montante de recursos
100% nacionais liberados no ano,
há dúvidas de que o movimento
se repita.
"Ainda não sabemos se isso é
apenas um leve sopro ou tem fôlego maior. A certeza é que isso é
bom para o Brasil", diz Luis Antonio Paulino, economista da fundação.
Esses fatos devem ser comemorados por algumas razões. Como
a área de serviços investiu mais,
passou a haver um maior "equilíbrio de forças" entre os setores,
como dizem os técnicos. Em 2001,
a indústria aplicou 43% do total
investido, contra 53% dos serviços. Em 2000, as taxas estavam em
61,4% e 35,7% -um abismo entre as áreas, com evidente desequilíbrio também na geração de
postos de trabalho no Estado.
Além disso, os economistas
concluem que há outro fator positivo, com base no estudo. Devido
à maior liberação de capital nacional para investimentos, as
companhias -por serem brasileiras- não enviarão para fora do
país o retorno dessa operação. Isso acontece no caso das multinacionais, que remetem os lucros
além das fronteiras. "Se isso se repetir, poderemos assistir à formação de uma maior poupança interna no Estado", afirma Paulino.
Em 2001, US$ 7 em cada US$ 10
foram aplicados por empresários
brasileiros. Em 2000 e em 1999,
eram de US$ 3 a US$ 4 em cada
US$ 10 aplicados.
Surpresas e tendências
O levantamento confirmou outra tendência e apresentou um dado novo. A tendência: o interior do Estado atrai mais investimentos na área industrial do que em
serviços. Já na região metropolitana ocorre o contrário.
Do montante total que a indústria aplicou em 2001 (US$ 10,2 bilhões), 62% foram parar em cidades como Campinas e São José
dos Campos. As duas cidades foram as que tiveram a maior quantidade de novos empreendimentos no ano passado.
Entretanto, do montante total
aplicado no setor de serviços (US$
12,6 bilhões), 60% tiveram como
destino a região metropolitana do
Estado de São Paulo. Segundo os
economistas, isso vem ocorrendo
desde meados dos anos 90.
Já entre os fatos novos presentes
no estudo, um causou surpresa. O
Estado de São Paulo apresentou
apenas uma ligeira queda (de
0,09%) no volume de investimentos em 2001. Foram US$ 23,489
bilhões, sendo que em 2000 os recursos atingiram US$ 23,510 bilhões.
Esperava-se uma retração brutal nos volumes devido à forte crise econômica na Argentina e ao racionamento de energia, que poderiam tornar os empresários locais receosos. "Foi um "quase nada" de queda", diz Maria Cecília Comegno, coordenadora do trabalho. "Vemos isso como clara estabilidade", ressalta.
Quem mais liberou recursos para o Estado foram os segmentos
de telecomunicações e eletricidade, gás e água quente. Em terceiro
lugar aparece transporte aéreo e, em quarto, atividades mobiliárias.
Todo o trabalho é realizado ao longo do ano por meio de anúncios de investimentos publicados na imprensa. Os técnicos confirmam, ao final do ano, a liberação efetiva dos recursos. Há trabalhos de consultorias que não fazem essa confirmação.
Nesse trabalho são computados dados apenas sobre investimentos em capacidade produtiva. Não entram números a respeito de fusões ou aquisições, privatização,
investimento em marketing ou em Bolsa de Valores.
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