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Juntas, Telefónica e Telecom Italia podem criar gigante de teles
Brasil é um dos palcos mais importantes para o futuro negócio, pois abriga um mercado potencial cobiçado, entre outros, também pela mexicana Telmex
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Confirmada a compra da
Olimpia, holding controladora
da Telecom Italia, por um consórcio liderado pela espanhola
Telefónica, os bastidores das
telecomunicações agitam-se na
esteira de outra dúvida: o acordo entre espanhóis e italianos
terminou por aí ou o mercado
ainda será testemunha de outros acertos entre os novos senhores da telefonia italiana?
No sábado à noite, o grupo
Pirelli anunciou a venda de sua
participação na Olimpia. O
consórcio que arrematou a holding por 4,1 bilhões tem a seguinte composição: 42,3% para
a Telefónica; 28,1% para a seguradora Generali, 21,4% para os
bancos Mediobanca e Intesa
Sanpaolo (10,7% cada um) e
8,2% para o grupo Benetton
(8,2%). Juntos, terão o controle e 23,6% da Telecom Italia.
É mais que razoável dizer
que os termos do negócio trazem dicas preciosas para quem
quiser arriscar apostas no futuro das teles.
O comunicado que detalhou
a transação afirma que o Intesa
Sanpaolo poderá, com o consentimento dos demais sócios,
indicar novos investidores italianos para a holding. Eles poderão subscrever novas ações
em uma cota que varia entre
2% e 5% da nova Olimpia.
Como uma transação tida como polêmica até a noite de sexta-feira subitamente tornou-se
boa para todo mundo? A Folha
conversou com três executivos
europeus ligados aos diálogos.
O consenso entre eles é que a
Telefónica e os novos sócios
aceitaram um acordo salomônico: entregarão entre 2% e 5%
para o magnata das comunicações e ex-primeiro-ministro
italiano Silvio Berlusconi. Fatia
igual será destinada a Roberto
Colaninno, dono da Telecom
Italia até 2001. Berlusconi representa a centro-direita. Colaninno é ligado a Massimo D'Alema, também ex-premiê e
atual ministro do governo de
centro-esquerda. Ou seja, politicamente tudo equilibrado.
De acordo com esses interlocutores, a entrada de Berlusconi e Colaninno na nova Olimpia deverá acontecer num prazo máximo de seis meses.
Se o raciocínio desses interlocutores estiver correto, a
chegada dos "novos" investidores aplainará o caminho para o
terceiro passo do acordo, ainda
mais ambicioso: a futura união
da Telefónica e da Telecom Italia, o que criaria uma gigante
das telecomunicações.
Nó tupiniquim
O Brasil é um dos palcos mais
importantes desse negócio. O
país é tido como portal para os
vizinhos latino-americanos e
abriga um mercado potencial
cobiçado, entre outros, pela
mexicana Telmex, do megaempresário Carlos Slim.
Os atores nacionais são os
acionistas da Telemar e da Brasil Telecom, as duas operadoras
fixas que têm entre seus sócios
fundos de pensão brasileiros ligados a estatais, do BNDES e de
subsidiárias do Banco do Brasil.
Todos pretendiam unir a
Brasil Telecom e a Telemar,
criando um grande eixo brasileiro para o setor de teles. Para
tanto, há meses ganha força a
tentativa de mudar a legislação
brasileira, que hoje não permite aos mesmos controladores a
permanência no comando de
duas teles que atuem na mesma
área. A idéia, ao que parece, fez
água. Os espanhóis, que agora
passaram a ter, indiretamente,
38% da Solpart, holding controladora da BrT, não devem
facilitar essa união.
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