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Restrição a exportações preocupa Nações Unidas
OMC considera "sem precedentes" as medidas adotadas por países asiáticos
ONU pede suspensão de restrições a embarques de alimentos; segundo o Banco Mundial, existe risco de que preços subam ainda mais
DO ENVIADO ESPECIAL A BERNA
O número crescente de países que passaram a aplicar restrições às exportações de alimentos para garantir os preços
e o abastecimento domésticos
em meio à crise mundial preocupa a ONU. A medida já foi
adotada por mais de dez países,
sobretudo na Ásia, num movimento que especialistas da
OMC (Organização Mundial do
Comércio) consideram "sem
precedentes".
Na semana passada, o governo brasileiro decidiu proibir
por tempo indeterminado a exportação de arroz do estoque
público, por temer o desabastecimento interno.
No plano contra a crise anunciado ontem, a ONU apontou as
barreiras à exportação como
um dos motivos da escalada de
preços e defendeu o fim das
medidas. O secretário-geral da
organização, Ban Ki-moon, pediu "a imediata suspensão" das
restrições.
"Esses controles encorajam
o armazenamento, elevam os
preços e atingem as pessoas
mais pobres do mundo, que lutam para se alimentar", disse o
presidente do Banco Mundial,
Robert Zoellick.
Ele elogiou a Ucrânia por ter
dado "um bom exemplo" na semana passada, ao suspender as
restrições à exportação de
grãos. "Isso teve um efeito imediato na queda de preços, e outros podem fazer o mesmo",
disse Zoellick, pedindo uma
ação conjunta dos governos
com o setor privado.
Para o diretor-geral da OMC,
Pascal Lamy, barrar as exportações "não é uma boa solução
econômica" no curto prazo. "É
óbvio que tais medidas resultam em aumentos adicionais de
preços", disse Lamy.
Na semana passada, o Japão,
maior importador de alimentos
do mundo, disse que pedirá a
introdução de normas na OMC
para regular as restrições às exportações, algo já adotado por
mais de dez países, entre eles
Indonésia, Rússia, China e
Vietnã. "É óbvio que esse tipo
de medida diminui a oferta de
produtos no mercado e leva ao
aumento de preços", disse Lennart Bäge, presidente do Fundo
Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.
Álcool
O secretário-geral das Nações Unidas também culpou os
biocombustíveis pela alta de
preços, mas apenas os que são
subsidiados e que "substituem
a produção de alimentos". Indagado pela Folha se isso excluía o álcool brasileiro, feito a
partir da cana, Ban foi vago.
"Há críticas aos biocombustíveis, mas a questão deve ser
vista de forma abrangente. Há
alguns aspectos positivos e outros que precisamos estudar."
No dia anterior, o secretário-geral da Unctad (Conferência
da ONU para Comércio e Desenvolvimento), Supachai Panitchpakdi, havia dito à Folha
que o álcool brasileiro não entrara em discussão no encontro
e que a preocupação da organização é com o produto norte-americano, feito a partir do milho com política de subsídios
do governo.
(MN)
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