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Medidas devem ser apenas o primeiro passo
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
Com um bocado de ceticismo e desapontamento. Dessa forma o professor da USP
Guilherme Dias, ex-secretário de Política Agrícola (governo FHC), reagiu ao anúncio das medidas da ONU (Organização das Nações Unidas) contra a crise dos alimentos. "As medidas buscam "tapar o buraco" numa
hora em que não há abundância de produção."
De acordo com Dias, têm
sido "sofríveis" os resultados
de programas de ajuda humanitária lançados a partir
de financiamentos. Dias cita
o projeto "Oil-for-Food",
realizado pela ONU de 1995 a
2003, que enfrentou problemas de operação para usar o
petróleo como passaporte
para comida no Iraque. Para
ele, é preciso haver infra-estrutura de distribuição dos
alimentos nos países que vão
receber o auxílio.
Segundo Márcio Lopes de
Freitas, presidente da OCB
(Organização das Cooperativas Brasileiras), a força-tarefa da ONU vai precisar analisar de forma bem ampla a questão da energia. Além de
aumentar os custos de produção no transporte e em insumos, a alta do petróleo é
que leva à ampliação de plantios para biocombustíveis.
Custos maiores, por sinal,
são um dos motivos para que
os preços em disparada não
tenham representado necessariamente mais renda para
quem produz alimentos, diz
Gilman Viana Rodrigues, secretário da Agricultura de
Minas Gerais.
Hora de negociar
Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho, a crise dos alimentos criou ambiente favorável para a diplomacia do
país negociar questões comerciais que interessam à
produção nacional.
Ramalho avalia que o momento é oportuno para avançar contra o protecionismo
agrícola dos países industrializados, incluindo a redução
de tarifas que incidem sobre
o álcool que o Brasil exporta.
Na sua análise, se países
sem espaço para expandir a
fronteira agrícola importarem mais de empresas brasileiras, poderão liberar mais
áreas para a produção voltada à alimentação humana.
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