São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008

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Medidas devem ser apenas o primeiro passo

GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

Com um bocado de ceticismo e desapontamento. Dessa forma o professor da USP Guilherme Dias, ex-secretário de Política Agrícola (governo FHC), reagiu ao anúncio das medidas da ONU (Organização das Nações Unidas) contra a crise dos alimentos. "As medidas buscam "tapar o buraco" numa hora em que não há abundância de produção."
De acordo com Dias, têm sido "sofríveis" os resultados de programas de ajuda humanitária lançados a partir de financiamentos. Dias cita o projeto "Oil-for-Food", realizado pela ONU de 1995 a 2003, que enfrentou problemas de operação para usar o petróleo como passaporte para comida no Iraque. Para ele, é preciso haver infra-estrutura de distribuição dos alimentos nos países que vão receber o auxílio.
Segundo Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), a força-tarefa da ONU vai precisar analisar de forma bem ampla a questão da energia. Além de aumentar os custos de produção no transporte e em insumos, a alta do petróleo é que leva à ampliação de plantios para biocombustíveis.
Custos maiores, por sinal, são um dos motivos para que os preços em disparada não tenham representado necessariamente mais renda para quem produz alimentos, diz Gilman Viana Rodrigues, secretário da Agricultura de Minas Gerais.

Hora de negociar
Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho, a crise dos alimentos criou ambiente favorável para a diplomacia do país negociar questões comerciais que interessam à produção nacional.
Ramalho avalia que o momento é oportuno para avançar contra o protecionismo agrícola dos países industrializados, incluindo a redução de tarifas que incidem sobre o álcool que o Brasil exporta.
Na sua análise, se países sem espaço para expandir a fronteira agrícola importarem mais de empresas brasileiras, poderão liberar mais áreas para a produção voltada à alimentação humana.


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