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PREÇOS
Queda de 0,44% no índice em junho superou as previsões do mercado
Com efeito do câmbio, IGP-M registra deflação pelo 2º mês
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A inflação medida pelo IGP-M
(Índice Geral de Preços do Mercado) registrou uma taxa negativa
de 0,44% em junho, a segunda deflação consecutiva. O resultado
representa o menor patamar desde junho de 2003. Segundo a FGV
(Fundação Getulio Vargas), o
câmbio foi o principal responsável pela desaceleração nos preços.
A perda de fôlego da inflação
superou as previsões de analistas.
Segundo o último Relatório de
Mercado, organizado pelo Banco
Central, a expectativa era de uma
deflação de 0,30%. Desde o mês
passado, as deflações vêm ganhando força nos IGPs. Em maio,
o IGP-M havia apurado queda de
0,22%. O IGP-10 de junho já indicava desaceleração mais acentuada, com taxa negativa de 0,41%.
De acordo com o coordenador
de Análises Econômicas da FGV,
Salomão Quadros, o resultado reflete um período de ajuste de preços em razão do efeito cambial.
"Não é um reflexo de fraqueza
econômica ou da política monetária, embora ela tenha efeito sobre o câmbio", afirmou.
O efeito do câmbio foi ainda
mais intenso sobre os insumos industriais. O grupo de materiais
para manufatura, que inclui itens
como ferro, celulose, metais e
produtos químicos, teve queda de
1,96%, ante alta de 0,10% em
maio. Para Quadros, o recuo nos
preços desses produtos pode ser
visto como um termômetro para
a formação de preços futuros,
pois causa impactos em diversos
setores. Com isso, os preços no
atacado aceleraram o ritmo de
queda e passaram de -0,77% em
maio para -1% em junho.
Os produtos agropecuários, porém, seguem tendência oposta.
Os preços continuam em queda,
mas com taxas menores do que as
verificadas nos meses anteriores.
As matérias-primas brutas apuraram uma taxa negativa de 1,97%
em junho, ante uma queda de
3,12% em maio. "Isso mostra que
o processo de deflação continua,
mas não está acontecendo em todas as parcelas do atacado, como
nas apurações anteriores", disse.
Em junho, a desaceleração nos
preços chegou com mais intensidade ao consumidor. A inflação
no varejo passou de 1,02% em
maio para 0,05% em junho. O repasse das quedas de preços no
atacado ocorreu principalmente
em alimentos como óleo de soja,
açúcar, biscoitos e carnes.
Os repasses, no entanto, ainda
exerceram papel secundário na
desaceleração. "Não é a única,
nem a principal razão para o recuo do índice no varejo. Houve
um recuo muito forte associado a
fatores passageiros e pontuais, como queda nos preços de hortaliças e ausência de efeito de tarifas."
A perspectiva é que a inflação ao
consumidor volte a subir em julho com o reajuste da telefonia fixa, apesar da expectativa de repasses das quedas de preços do
atacado para o varejo. "Pode haver mais um mês de deflação, mas
começamos a detectar perda de
fôlego da queda nos preços."
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