São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

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PREÇOS

Queda de 0,44% no índice em junho superou as previsões do mercado

Com efeito do câmbio, IGP-M registra deflação pelo 2º mês

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) registrou uma taxa negativa de 0,44% em junho, a segunda deflação consecutiva. O resultado representa o menor patamar desde junho de 2003. Segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas), o câmbio foi o principal responsável pela desaceleração nos preços.
A perda de fôlego da inflação superou as previsões de analistas. Segundo o último Relatório de Mercado, organizado pelo Banco Central, a expectativa era de uma deflação de 0,30%. Desde o mês passado, as deflações vêm ganhando força nos IGPs. Em maio, o IGP-M havia apurado queda de 0,22%. O IGP-10 de junho já indicava desaceleração mais acentuada, com taxa negativa de 0,41%.
De acordo com o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o resultado reflete um período de ajuste de preços em razão do efeito cambial. "Não é um reflexo de fraqueza econômica ou da política monetária, embora ela tenha efeito sobre o câmbio", afirmou.
O efeito do câmbio foi ainda mais intenso sobre os insumos industriais. O grupo de materiais para manufatura, que inclui itens como ferro, celulose, metais e produtos químicos, teve queda de 1,96%, ante alta de 0,10% em maio. Para Quadros, o recuo nos preços desses produtos pode ser visto como um termômetro para a formação de preços futuros, pois causa impactos em diversos setores. Com isso, os preços no atacado aceleraram o ritmo de queda e passaram de -0,77% em maio para -1% em junho.
Os produtos agropecuários, porém, seguem tendência oposta. Os preços continuam em queda, mas com taxas menores do que as verificadas nos meses anteriores. As matérias-primas brutas apuraram uma taxa negativa de 1,97% em junho, ante uma queda de 3,12% em maio. "Isso mostra que o processo de deflação continua, mas não está acontecendo em todas as parcelas do atacado, como nas apurações anteriores", disse.
Em junho, a desaceleração nos preços chegou com mais intensidade ao consumidor. A inflação no varejo passou de 1,02% em maio para 0,05% em junho. O repasse das quedas de preços no atacado ocorreu principalmente em alimentos como óleo de soja, açúcar, biscoitos e carnes.
Os repasses, no entanto, ainda exerceram papel secundário na desaceleração. "Não é a única, nem a principal razão para o recuo do índice no varejo. Houve um recuo muito forte associado a fatores passageiros e pontuais, como queda nos preços de hortaliças e ausência de efeito de tarifas."
A perspectiva é que a inflação ao consumidor volte a subir em julho com o reajuste da telefonia fixa, apesar da expectativa de repasses das quedas de preços do atacado para o varejo. "Pode haver mais um mês de deflação, mas começamos a detectar perda de fôlego da queda nos preços."


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