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TANGO DA DÍVIDA
Argentina pede para negociar com FMI de novo
MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES
O FMI (Fundo Monetário Internacional) informou ontem que a
Argentina solicitou a reabertura
das negociações para fechar um
novo acordo com o organismo internacional de crédito. Ressaltou,
entretanto, que um novo programa será acompanhado de perto
pelo conselho de administração
do Fundo, formado por representantes de 184 nações.
Isso quer dizer que as negociações serão duras, já que muitos
países têm reservas em relação a
certas políticas do governo argentino, como o congelamento tarifário imposto nos últimos anos às
empresas de serviços privatizadas
e a falta de uma solução para os
cerca de 24% de credores que não
aceitaram participar da troca da
dívida argentina.
Assim, deve haver pressão para
que um novo acordo seja condicionado à resolução dessas questões. A expectativa é que uma primeira reunião entre os técnicos
do Fundo, o conselho de administração e representantes argentinos ocorra em meados de julho.
Cada país sócio do Fundo tem
uma cota do capital do organismo. Essa cota varia de acordo
com a importância econômica de
cada nação, e os países podem tomar até 300% desse montante.
Anteriormente, para tomar acima do limite permitido, os países
que necessitavam de empréstimos negociavam condições especiais com os técnicos do Fundo,
como juros mais altos, e somente
depois isso era submetido ao conselho. Neste ano, entretanto, decidiu-se que o conselho participaria
de forma mais ativa em cada etapa das negociações.
O programa anterior da Argentina com o Fundo, que havia sido
acordado no final do ano retrasado, não foi totalmente implementado por causa da decisão do governo do país vizinho de adiar alguns pontos até o final da troca da
dívida argentina.
Mesmo antes do início das conversas, o clima vem esquentando
entre o Fundo e a Argentina. A
imprensa divulgou que um documento produzido pelo FMI critica
as medidas do país vizinho para
conter a desvalorização do dólar
diante do peso e pede um superávit primário de 4,5% e não de 3%,
como pretende o país vizinho.
Mesmo assim, ontem o Ministério da Economia da Argentina
divulgou outra medida de controle de capitais para tentar manter o
câmbio próximo de 3 pesos: 30%
das repatriações de fundos superiores a US$ 2 milhões por mês
realizadas por residentes no país
serão imobilizadas, ou seja, não
poderão ser usadas para empréstimos ou outras operações pelo
período de um ano.
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