São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

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TANGO DA DÍVIDA

Argentina pede para negociar com FMI de novo

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

O FMI (Fundo Monetário Internacional) informou ontem que a Argentina solicitou a reabertura das negociações para fechar um novo acordo com o organismo internacional de crédito. Ressaltou, entretanto, que um novo programa será acompanhado de perto pelo conselho de administração do Fundo, formado por representantes de 184 nações.
Isso quer dizer que as negociações serão duras, já que muitos países têm reservas em relação a certas políticas do governo argentino, como o congelamento tarifário imposto nos últimos anos às empresas de serviços privatizadas e a falta de uma solução para os cerca de 24% de credores que não aceitaram participar da troca da dívida argentina.
Assim, deve haver pressão para que um novo acordo seja condicionado à resolução dessas questões. A expectativa é que uma primeira reunião entre os técnicos do Fundo, o conselho de administração e representantes argentinos ocorra em meados de julho.
Cada país sócio do Fundo tem uma cota do capital do organismo. Essa cota varia de acordo com a importância econômica de cada nação, e os países podem tomar até 300% desse montante.
Anteriormente, para tomar acima do limite permitido, os países que necessitavam de empréstimos negociavam condições especiais com os técnicos do Fundo, como juros mais altos, e somente depois isso era submetido ao conselho. Neste ano, entretanto, decidiu-se que o conselho participaria de forma mais ativa em cada etapa das negociações.
O programa anterior da Argentina com o Fundo, que havia sido acordado no final do ano retrasado, não foi totalmente implementado por causa da decisão do governo do país vizinho de adiar alguns pontos até o final da troca da dívida argentina.
Mesmo antes do início das conversas, o clima vem esquentando entre o Fundo e a Argentina. A imprensa divulgou que um documento produzido pelo FMI critica as medidas do país vizinho para conter a desvalorização do dólar diante do peso e pede um superávit primário de 4,5% e não de 3%, como pretende o país vizinho.
Mesmo assim, ontem o Ministério da Economia da Argentina divulgou outra medida de controle de capitais para tentar manter o câmbio próximo de 3 pesos: 30% das repatriações de fundos superiores a US$ 2 milhões por mês realizadas por residentes no país serão imobilizadas, ou seja, não poderão ser usadas para empréstimos ou outras operações pelo período de um ano.


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