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Governo fecha
acordo com PT
para votar LDO
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo teve de fazer acordo com a própria bancada do
PT para a votação do projeto da
Lei de Diretrizes Orçamentárias. Na avaliação da área econômica, o ajuste promovido
ontem no texto evita que a
LDO abra caminho para um
aperto fiscal menor em 2006.
Havia um impasse em torno
do projeto porque os parlamentares petistas não abriam
mão de incluir na lei uma antiga promessa do Executivo, a
política fiscal anticíclica -pela
qual o governo deve economizar mais nos momentos de
maior crescimento econômico
e elevar o déficit público em caso de retração.
Para os ministérios da Fazenda e do Planejamento, porém,
o mecanismo criado pelo relator da LDO, deputado Gilmar
Machado (PT-MG), poderia levar à elevação da dívida pública
em relação ao PIB, na contramão das metas do governo.
Após uma reunião com os secretários do Tesouro, Joaquim
Levy, e do Orçamento, João
Bernardo Bringel, Gilmar Machado concordou em deixar
mais claro, no texto, que a política anticíclica só será adotada
se o Executivo entender que
não há risco para a trajetória da
dívida pública.
"Já constava do texto, de forma genérica, que os objetivos
da política fiscal seriam preservados. Agora, a redação ficou
mais explícita", disse Bringel.
Na prática, a regra torna remota a possibilidade de abrandamento da política fiscal. A
versão de Machado para a LDO
mantém a meta fiscal -um superávit primário (receitas menos despesas, excluindo juros)
de 4,25% do PIB- e a previsão
de crescimento econômico pelo Executivo, de 4,5% em 2006.
O relator inovou ao estabelecer que o superávit será de 4%
do PIB em caso de frustração
do crescimento e de 4,5% do
PIB se a economia surpreender
favoravelmente.
Como a expectativa do governo é considerada muito otimista, dado que o mercado espera uma taxa de 3,5%, o primeiro cenário é mais provável.
No entanto, um crescimento
abaixo das expectativas torna
praticamente certo o risco de
aumento da relação entre a dívida e o PIB -como o superávit primário é inferior ao gasto
público com juros, o governo
depende da expansão da economia para obter a melhora do
indicador de endividamento.
Logo, é difícil haver espaço para a queda do superávit.
Prevista para a noite de ontem, a votação da LDO na Comissão Mista de Orçamento do
Congresso foi adiada para hoje
devido à crise política.
Colaborou Renata Lo Prete,
editora do Painel
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