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Juros do BNDES caem para 7,5% ao ano
Guido Mantega afirma que, gradualmente, TJLP se aproxima do nível ideal, de 7% ao ano, para incentivar investimentos
Quando presidia o banco, ministro defendia redução rápida; para Demian Fiocca, atual dirigente, taxa hoje está "bastante favorável"
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo reduziu ontem de
8,15% ao ano para 7,5% a TJLP
(Taxa de Juros de Longo Prazo), que corrige os empréstimos concedidos pelo BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Fixada a cada três meses, a nova taxa começa a valer na segunda-feira.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o corte
foi possível devido ao recuo da
inflação nos últimos meses.
"Nesse ciclo de crescimento
que já está acontecendo, é importante que se estimulem os
investimentos", disse.
Antes de assumir o ministério, em março, Mantega presidiu o BNDES e criticou a equipe econômica por manter a
TJLP em níveis que ele considerava elevados. Entre abril de
2004 e dezembro de 2005, a taxa ficou estável em 9,75%.
A taxa é calculada com base
no comportamento do risco-país (que tem ficado perto de
2,5%) e na inflação (cuja meta
para este ano é 4,5%). Com base
nesses números, Mantega defendia que a TJLP fosse fixada
em 7% ao ano. Ontem, o agora
ministro disse que, aos poucos,
a taxa se aproxima desse valor
que ele considera ideal.
A TJLP é motivo de disputa
entre Mantega e o presidente
do Banco Central, Henrique
Meirelles. Meirelles defende
que a adoção, em certas operações de crédito, de juros diferentes dos de mercado acaba
distorcendo as demais taxas no
país, encarecendo os empréstimos aos consumidores.
O presidente do BNDES, Demian Fiocca, disse que a taxa de
7,5% em um cenário em que a
inflação é de 4% "permite viabilizar uma grande quantidade
de investimentos". "A TJLP
chegou a um nível bastante favorável", afirmou.
Ações
Em outra decisão referente
ao BNDES, o CMN decidiu
adiar, mais uma vez, a aplicação
de uma regra que obrigaria o
banco a vender cerca de R$ 10
bilhões de sua carteira de ações
nos próximos sete anos.
Em 1996, o CMN fixou um limite máximo que os bancos poderiam aplicar no seu chamado
ativo permanente -que inclui,
basicamente, imóveis e ações.
As instituições financeiras tiveram seis anos para se adaptar a
essa exigência: a partir de 2002,
não poderiam ter mais de 50%
de seu patrimônio aplicado em
ativos permanentes.
A idéia é não permitir que um
banco tenha muitos investimentos em ativos difíceis de
vender, para não correr o risco
de ficar sem dinheiro em caixa
para honrar compromissos.
Devido à sua participação nas
privatizações, o BNDES tem
uma grande carteira de ações.
Seu índice de imobilização está
acima do limite fixado -em
março passado, estava em 56%.
O diretor de Normas do BC,
Alexandre Tombini, disse que
foi dado mais prazo ao BNDES
porque uma eventual venda das
ações do banco teria um efeito
muito negativo no mercado
-devido ao tamanho da carteira do BNDES. Como é um banco de desenvolvimento estatal
com uma carteira de clientes
formada basicamente por empresas, o governo considerou
que o risco que seu excesso de
imobilização traz para o sistema financeiro é pequeno perto
do perigo que uma venda de
ações representaria na Bolsa.
Colaborou a Sucursal do Rio
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