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Governo decide repetir meta de 4,5% em 2008
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo fixou em 4,5% a
meta de inflação para 2008,
repetindo o objetivo perseguido em 2006 e 2007, conforme antecipou a Folha no
último dia 18. Também não
foi alterada a margem de erro a ser tolerada em relação a
essa meta, que continua em
dois pontos percentuais para
baixo ou para cima.
Com a medida, o CMN
(Conselho Monetário Nacional) buscou evitar polêmicas
que seriam levantadas caso a
meta fosse alterada para cima ou para baixo. Uma meta
maior poderia trazer críticas
do mercado, que entenderia
a decisão como um meio artificial de acelerar a queda
dos juros. Uma meta menor,
por sua vez, tenderia a exigir
juros mais altos, prejudicando o crescimento do país.
Em ano de eleição, preferiu-se não dar espaço a esse
tipo de debate. Ao anunciar a
nova meta, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) disse
que a decisão foi discutida
previamente com o presidente Lula, que a avalizou.
Além de Mantega, fazem
parte do CMN o presidente
do Banco Central, Henrique
Meirelles, e o ministro Paulo
Bernardo (Planejamento).
Ao falar de inflação, Mantega
exaltou a política econômica
do governo Lula, comparando-a com a adotada por FHC
(1995-2002).
"Não estamos fazendo como se fazia no passado,
quando se estabelecia uma
meta de inflação muito ambiciosa e, depois, era difícil
obtê-la. Isso levava a uma
política monetária que implicava grandes sacrifícios
por parte do crescimento.
Não queremos repetir essa
trajetória que era colocada
no passado", disse Mantega.
Já Meirelles afirmou que,
apesar da estabilidade da inflação, decidiu-se não reduzir a meta para garantir a
credibilidade da política de
juros do governo. "A meta
brasileira está um pouco acima da dos nossos parceiros
comerciais. Mas a prioridade
hoje é consolidar o sistema
de metas de inflação."
No começo do mês, Meirelles apresentou, em audiência pública no Senado, números que mostravam que,
entre os países que adotam
metas de inflação, o Brasil
era um dos que adotavam os
objetivos mais elevados.
Ontem, o presidente do
BC disse que mais importante do que reduzir a meta propriamente dita é reforçar nas
pessoas a idéia de que os objetivos fixados pelo CMN serão efetivamente cumpridos.
Quando existe essa confiança, disse, diminui a necessidade de o BC promover
grandes aumentos nos juros
para conter a alta dos preços.
O sistema de metas foi
adotado em 1999, após forte
fuga de capitais ter obrigado
o governo a abandonar o regime de câmbio fixo como
instrumento de controle dos
preços. A meta foi fixada em
8% e foi cumprida.
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