São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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Governo decide repetir meta de 4,5% em 2008

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo fixou em 4,5% a meta de inflação para 2008, repetindo o objetivo perseguido em 2006 e 2007, conforme antecipou a Folha no último dia 18. Também não foi alterada a margem de erro a ser tolerada em relação a essa meta, que continua em dois pontos percentuais para baixo ou para cima.
Com a medida, o CMN (Conselho Monetário Nacional) buscou evitar polêmicas que seriam levantadas caso a meta fosse alterada para cima ou para baixo. Uma meta maior poderia trazer críticas do mercado, que entenderia a decisão como um meio artificial de acelerar a queda dos juros. Uma meta menor, por sua vez, tenderia a exigir juros mais altos, prejudicando o crescimento do país.
Em ano de eleição, preferiu-se não dar espaço a esse tipo de debate. Ao anunciar a nova meta, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que a decisão foi discutida previamente com o presidente Lula, que a avalizou.
Além de Mantega, fazem parte do CMN o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro Paulo Bernardo (Planejamento). Ao falar de inflação, Mantega exaltou a política econômica do governo Lula, comparando-a com a adotada por FHC (1995-2002).
"Não estamos fazendo como se fazia no passado, quando se estabelecia uma meta de inflação muito ambiciosa e, depois, era difícil obtê-la. Isso levava a uma política monetária que implicava grandes sacrifícios por parte do crescimento. Não queremos repetir essa trajetória que era colocada no passado", disse Mantega.
Já Meirelles afirmou que, apesar da estabilidade da inflação, decidiu-se não reduzir a meta para garantir a credibilidade da política de juros do governo. "A meta brasileira está um pouco acima da dos nossos parceiros comerciais. Mas a prioridade hoje é consolidar o sistema de metas de inflação."
No começo do mês, Meirelles apresentou, em audiência pública no Senado, números que mostravam que, entre os países que adotam metas de inflação, o Brasil era um dos que adotavam os objetivos mais elevados.
Ontem, o presidente do BC disse que mais importante do que reduzir a meta propriamente dita é reforçar nas pessoas a idéia de que os objetivos fixados pelo CMN serão efetivamente cumpridos. Quando existe essa confiança, disse, diminui a necessidade de o BC promover grandes aumentos nos juros para conter a alta dos preços.
O sistema de metas foi adotado em 1999, após forte fuga de capitais ter obrigado o governo a abandonar o regime de câmbio fixo como instrumento de controle dos preços. A meta foi fixada em 8% e foi cumprida.


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