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Aperto do governo recua 81% em maio
Resultado no ano equivale a 3,99% do PIB; Kawall diz que diminuição era esperada por questão sazonal
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As contas do governo central
(Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central)
apresentaram uma piora em
maio. O superávit primário (receita menos despesas, exceto os
juros da dívida pública) ficou
em R$ 2,816 bilhões no mês
passado, o que representa o
menor resultado do ano. Em
relação ao número registrado
em abril, houve queda de
80,8%.
Na avaliação do secretário do
Tesouro Nacional, Carlos Kawall, isso já era esperado, pois
em maio há sempre uma queda
nas receitas na comparação
com o mês anterior.
Em abril, a Receita Federal
eleva sua arrecadação com o
pagamento da primeira cota ou
cota única do Imposto de Renda das Pessoas Físicas. Além
disso, tributos cujo recolhimento é trimestral -tais como
CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)- engordam as receitas em abril, prejudicando a comparação com
maio.
Reajuste do mínimo
Do lado das despesas, o aumento do salário mínimo
-concedido em abril, mas com
efeito no caixa de maio- gerou
um impacto negativo nas contas do governo federal. Com o
reajuste do piso salarial, não só
aposentadorias e pensões pagas pela Previdência pressionaram os gastos, mas também outros benefícios como o seguro-desemprego, o abono salarial e
a Loas (Lei Orgânica da Assistência Social).
"Esse resultado [de maio] já
era esperado. Tradicionalmente a receita é mais baixa em
maio. Também houve o início
dos efeitos do salário mínimo
nas contas da Previdência e em
outros gastos. O resultado está
em linha com o que projetamos", explicou Kawall.
Ele afirmou ainda que o aumento de outras despesas (custeio e capital) pesou no mês.
Com a aprovação do Orçamento no início de maio pelo Congresso Nacional, a execução de
gastos por parte de alguns ministérios ganhou celeridade. O
Ministério da Saúde, por exemplo, gastou R$ 1 bilhão a mais
no mês passado.
Kawall mostrou-se, no entanto, tranqüilo com relação a
trajetória das despesas públicas.
"Se isso fosse uma tendência,
exigiria ações corretivas. Mas
não enxergamos uma tendência nessa direção. O calendário
eleitoral impõe restrições legais para gastos nos meses que
antecedem a eleição, e em outros meses há uma velocidade
maior das despesas", disse.
Superávit primário
No ano, o superávit primário
acumula R$ 32,253 bilhões
-praticamente o mesmo valor
apurado de janeiro a maio de
2005, quando o resultado foi de
R$ 32,444 bilhões. Em proporção do PIB (Produto Interno
Bruto), porém, a queda fica
mais evidente. Nos cinco primeiros meses do ano passado, o
superávit representava 4,32%
do produto, enquanto no mesmo período deste ano a economia de receitas é igual a 3,99%.
Parte disso se explica com o
aumento das despesas que, de
janeiro a agosto, tiveram um
ritmo mais acelerado que o do
crescimento do PIB nominal.
Kawall destaca, entretanto, que
o resultado acumulado em
2006 já equivale a 75% da meta
prevista pelo governo para o segundo quadrimestre do ano.
Até o final de agosto, o Tesouro
espera economizar R$ 42,9 bilhões.
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