São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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[+] análise

Definição envolveu guerra de lobbies

DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A escolha do sistema de TV digital pelo governo brasileiro envolveu uma guerra de lobbies, em que se misturaram interesses políticos e de grupos econômicos. Lula foi acusado de favorecer as TVs de olho na reeleição.
Se não estivesse em campanha eleitoral, o presidente provavelmente teria postergado a decisão por mais tempo. Em 2002, o presidente FHC adiou a decisão por causa do período eleitoral. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, defendeu que Lula fizesse o mesmo.
A discussão da TV digital vinha se arrastando havia 12 anos, mas foi acelerada depois que o senador Hélio Costa (PMDB-MG), ex-repórter da Rede Globo e também radiodifusor, assumiu o Ministério das Comunicações, em julho de 2005, e tomou partido dos radiodifusores e do sistema japonês.
O que existiu por trás da guerra da TV digital? Sob uma capa de discussão técnica, houve uma queda-de-braço entre a radiodifusão e as empresas de telefonia. Venceram os radiodifusores, com a ajuda de parte do governo e do ano eleitoral.
O sistema japonês permite que os telefones celulares recebam a programação da TV aberta diretamente pelo ar, sem que os sinais passem pela rede das telefônicas. Esse detalhe técnico, aparentemente irrelevante, permite aos radiodifusores controlar a interação da TV com o celular e protege a radiodifusão da competição com as teles.
A convergência das mídias, e a invasão das empresas de telefonia em mercados que eram exclusivos da radiodifusão, está na base do conflito. O confronto entre os dois setores foi explicitado pelas subsidiárias das indústrias européias baseadas no Brasil, que acusaram Costa de defender o monopólio da radiodifusão. (EL)


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