|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TV trará interatividade e maior resolução
Sistema digital ganha em qualidade, mas alta resolução será só para quem tiver aparelhos que hoje custam R$ 7.000
Por enquanto, aparelhos precisarão de decodificador, e pode levar dez anos até que todos eles estejam adaptados ao novo padrão
ROBINSON N. DOS SANTOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dez anos depois de estrear
nos EUA e oito anos após o início dos testes pela Universidade Presbiteriana Mackenzie,
em São Paulo , a TV digital chega ao Brasil. Pelo menos no papel, já que será preciso um período de adaptação.
Desde o lançamento do primeiro aparelho doméstico, em
1939, a TV sempre foi uma via
de mão única. Com a TV digital,
a história será outra e bem mais
interessante. Um dos recursos
mais alardeados, a interatividade, permitirá que os espectadores possam responder aos programas e aos anúncios, enviando votos e fazendo compras que
serão computadas e registradas
on-line, como na internet.
Antes que isso aconteça, será
preciso que as emissoras transmitam sinal digital e que as casas tenham sintonizadores digitais. São estimados dez anos
até que os 46,7 milhões de domicílios que têm televisor no
país (90% do total, segundo o
IBGE) estejam prontos. Enquanto isso, a TV analógica
continuará funcionando.
A interatividade vai exigir
também que haja uma via de
retorno de sinal que pode ser
qualquer canal de conexão com
a internet, como o telefone, o
celular ou qualquer serviço de
banda larga existente. Em tese,
seria possível até que os aparelhos de TV viessem equipados
com celulares internos para
transmissão de dados.
É preciso lembrar que hoje
nenhum aparelho, mesmo os
mais modernos, está pronto
para receber canais digitais. Só
agora, com a decisão do governo, a indústria poderá vender
sintonizadores digitais. Eles serão necessários enquanto a indústria não embutir os sintonizadores nas TVs novas.
A transmissão da TV aberta é
feita por ondas eletromagnéticas, que carregam os sinais captados no estúdio. Essas ondas
são emitidas por antenas potentes, situadas em locais estratégicos. Cada canal usa uma
faixa de freqüência, também
chamada de largura de banda,
concedida pelo governo. No
Brasil, ela tem 6 MHz.
O sistema analógico usa toda
a capacidade da banda para a
transmissão de sinais que, graças aos avanços tecnológicos,
inclui cor, som estéreo (com recurso de segundo programa de
áudio, ou SAP) e legenda.
O sinal digital, por sua vez, é
codificado e compactado. Para
as emissoras, isso ampliou as
possibilidades de transmissão,
já que, com os mesmos 6 MHz,
é possível transmitir por mais
canais (com qualidade variável,
mas sempre melhor que o da
TV analógica) ou por um único
canal, em alta definição.
Uma grande diferença do sinal digital em relação ao analógico está nas condições de
transmissão. Enquanto no analógico uma TV pode "pegar
mal", com chiados e fantasmas,
no sistema digital a TV "ou pega ou não pega". Se a recepção é
ruim, a imagem desaparece.
A vantagem é que, ao receber
o sinal digital, os decodificadores domésticos (ainda sem preço definido) compensam eventuais falhas, consertando a imagem antes que ela chegue ao vídeo. O resultado será uma recepção estável, com som e imagem no mínimo com qualidade
comparável à de um DVD.
Outra promessa da TV digital, a alta resolução anima muita gente, mas será acessível para poucos. Isso porque os aparelhos compatíveis com resoluções HDTV (até 1.080 linhas)
ainda são caros. Além disso, o
recurso existe apenas nas TVs
com 40 polegadas ou mais, que
custam a partir de R$ 7.000.
Texto Anterior: [+] Análise: Definição envolveu guerra de lobbies Próximo Texto: Saída de Rodrigues nada muda, diz Lula Índice
|