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VarigLog detalha oferta e agora tenta convencer credores da Varig
Ministério Público e administrador judicial avaliarão proposta de compra
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A VarigLog apresentou o detalhamento de sua proposta de
compra da Varig ontem à Justiça. O juiz Luiz Roberto Ayoub
encaminhou a oferta para o Ministério Público e para o administrador judicial, a Deloitte,
que devem decidir sobre a viabilidade da proposta. Se ela for
aprovada, será convocada uma
assembléia de credores e ocorrerá também um novo leilão.
A proposta da VarigLog prevê a manutenção de uma parte
operacional na "velha Varig",
com aviões e espaços para pouso e decolagem, mas em números modestos. Não foram incluídas remunerações aos credores e há a expectativa de que
a VarigLog se reúna com credores em separado para evitar
uma reprovação da proposta
em assembléia.
De acordo com a Justiça, um
dos pontos em análise na proposta é saber o que fica com a
"velha Varig", a parcela da empresa que fica em recuperação
judicial e carrega as dívidas.
Segundo Leonardo Viveiros
de Castro, advogado da VarigLog, a empresa cumpriu todas
as determinações da Justiça.
"Do nosso ponto de vista já
existem condições para que o
juiz [Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, responsável pelo processo de recuperação da Varig],
convoque uma assembléia."
A presidente do Sindicato
Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, afirmou ter uma
reunião agendada para o início
da próxima semana com a Volo
(controladora da VarigLog) para discutir a situação dos trabalhadores e do Aerus, fundo de
pensão dos funcionários.
O advogado afirmou ainda
que a proposta está de acordo
com o artigo 60 da lei de recuperação judicial. O artigo prevê
que a venda de uma "unidade
produtiva isolada" não implica
sucessão de dívidas, ou seja, se
uma parte da empresa for vendida, o comprador não precisa
assumir o passivo da Varig, estimado em R$ 7,9 bilhões.
A VarigLog, ex-subsidiária de
transporte de cargas da Varig,
oficializou seu interesse pela
companhia aérea sexta-feira
passada. Desde então, vinha
trabalhando no detalhamento
da proposta. A VarigLog oferece US$ 485 milhões, mas, na
prática, o dinheiro não vai para
os credores. Os recursos serão
usados em investimentos para
que a Varig volte a crescer.
A ex-subsidiária depositou
até ontem US$ 5,5 milhões para
regularizar o fluxo de caixa da
Varig. Ela se dispôs a antecipar
até US$ 20 milhões, mas os valores têm sido cada vez menores. Na segunda, foram US$ 3,5
milhões e ontem, US$ 200 mil.
Circularam rumores ontem
de que Lap Chan, um dos principais executivos do Matlin
Patterson, fundo que tem participação na VarigLog, estaria no
Rio reunido com advogados. A
assessoria da empresa negou e
afirmou que ele estava em São
Paulo. A presença de Chan sinaliza avanço nas negociações.
Segundo o juiz Paulo Fragoso, que também cuida do caso
Varig, a Justiça não aprovaria
uma proposta que não contemplasse a "velha Varig". Para ele,
é possível manter uma Varig
menor em operação, enquanto
a companhia aguarda o resultado da ação que move contra o
governo sobre congelamento
de tarifas. Ela tem R$ 4,5 bilhões a receber do governo federal e R$ 1,3 bilhão em dívidas
dos Estados referentes a ICMS.
Pela oferta inicial, a VarigLog
pretendia assumir concessões,
espaços para pouso e decolagem, bens e direitos sobre o
Smiles (programa de milhagem), sobre softwares, o centro
de treinamento e a marca.
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